A Câmara de Trancoso tem em curso uma auditoria externa às suas contas por causa de uma dívida que rondará os 20 milhões de euros e que foi herdada do executivo anterior liderado pelo social-democrata Júlio Sarmento durante 28 anos.
«Este ano conseguimos pagar dois milhões de euros sem qualquer recurso a empréstimos, apenas com as poupanças do município», adianta Amílcar Salvador. Mas segundo o atual presidente do executivo, de maioria PS, «ainda há uma herança muito pesada que ronda neste momento cerca de 20 milhões de euros». O autarca, que está a cumprir o primeiro mandato, afirmou recentemente em entrevista a O INTERIOR que «o endividamento é monstruoso», pois «para além dos 12,3 milhões de euros que constam no portal da transparência dos municípios, que já era muito, há uma outra dívida muito, muito significativa, da ordem dos 9 milhões de euros e que resulta da parceria público-privada [a Paceteg, SA] para a construção da central de camionagem (2,6 milhões de euros), a requalificação do campo da feira (3,3 milhões) e ainda um equipamento em Vila Franca das Naves (1,8 milhões), tudo sem qualquer financiamento e sem criar um único posto de trabalho».
Amílcar Salvador revelou ainda que essa parceria público-privada custa, «por dia, 1.100 euros ao município até 2034». Encargos que o município quer renegociar para aliviar os compromissos da dívida. O edil referiu que a auditoria vai circunscrever-se «apenas às contas de 2012 e até setembro de 2013», quando o atual executivo tomou posse. Já no caso da Paceteg, os auditores estão a verificar dados contabilísticos de 2010 e 2011. De acordo com o presidente do município, os resultados da auditoria poderão ser conhecidos em abril, durante a Assembleia Municipal.