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Audiofiili #5

Opinião – Ovo de Colombo

As escolhas para esta semana foram pensadas especificamente para o tempo que se avizinha, tempo de calor. Tardes tórridas são para mim o equivalente ao valor mínimo anual de produtividade. Portanto a melhor maneira de abordar o problema é com uma banda sonora que esteja à altura.

Primeiro vamos visitar o 7º álbum de estúdio de Marissa Nadler, chamado “July”, editado em fevereiro pela Bella Union. O nome deste álbum não podia ser mais indicado quanto à sua função e tempestividade. “July” é um álbum calmo, para ser degustado em tardes solarengas em que nada apetece fazer se não ficar na cama da rede e contemplar a natureza. Marissa apresenta-se numa pureza folk composta apenas por guitarra, voz e pequenos toques ambientais para dar um efeito mais espiritual à música, perfeito para tardes onde o sol bate com demasiada força. De “July” recomenda-se “Firecrackers”, “We Are Coming Back”, “Anyone Else” e “Nothing In My Heart”.

Vindo de Barcelos, aquela cidade que bem podia ser conhecida como Capital Portuguesa da Boa Música Nacional, vem Nuno Rodrigues, vocalista dos The Glockenwise, com o seu novo projeto Duquesa, estreando-se com um EP homónimo pela mão da Lovers & Lollipops. Este pequeno EP de 18 minutos é a companhia perfeita para ir à praia dar um mergulho. Destacam-se “Times”, “Douchebag” e “Abade Nation”.

E como o mundo é pequeno, falemos também de Gonçalo, guitarrista dos Long Way To Alaska, que editou o EP denominado “QUIM” em janeiro deste ano também pela Lovers & Lollipops. Num estilo mais sério e melancólico, Gonçalo criou um universo usando só guitarras e pedais para criar “loops” e ambiências suaves e ritmicamente perfeitas para esta altura do ano. De “QUIM”, edição com apenas 14 minutos, quase que podíamos dizer ao leitor para ouvir tudo, mas pode começar por “Crianças” para ficar desde já agarrado ao projeto.

Finalmente chegamos a Have A Nice Life, projeto do duo Dan Barret e Tim Macuga. Os Have A Nice Life editaram também no primeiro trimestre deste ano “The Unnatural World”, tendo criado um ambiente pós-punk cheio de influências shoegaze, industriais e drone. “The Unnatural World” tem 47 minutos de música de qualidade muito acima da média que se entranha nos nossos ouvidos e que não nos quer deixar por nada. Assim que ouvirem a nova versão da “Defenestration Song”, mais uma candidata a música do ano, não vão querer outra coisa. Depois não digam que não foram avisados. Podem também ouvir “Guggenheim Wax Museum” e “Dan and Tim, Reunited By Fate”.

João Gonçalves

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