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Atira-lhes com mais um Grupo de Trabalho!

A Síntese de Execução Orçamental da Direção Geral do Orçamento, relativa ao Serviço Nacional de Saúde, divulgada no passado dia 25 de janeiro, permite extrair como principais conclusões que continua em queda o investimento público neste sector, que o saldo é não só negativo mas também artificial, que o Governo não cumpriu a sua promessa de reduzir a dívida e os pagamentos em atraso e que aumentaram os custos com as parcerias público-privadas.

Em novembro de 2017 o senhor ministro da Saúde foi ao Parlamento fazer um dos seus pomposos, famosos e já habituais anúncios, tendo-se comprometido, nesse dia, com um plano de pagamentos que verbalizou “alto e a bom som”, nos seguintes termos: «…que se aproximará de 1,5 mil milhões de euros, que tem por objetivo reduzir esse encargo (…) e que será concretizado do seguinte modo: até 31 de dezembro de 2017, um reforço dos hospitais em termos de tesouraria de cerca de 400 milhões de euros, até 31 de dezembro [de 2017] um aumento do capital social dos hospitais EPE de cerca de 500 milhões de euros e, em 2018, no início de 2018, o lançamento de um novo aumento de capital também no valor de 500 milhões de euros».

A injeção anunciada reduziu-se a 265 M€, representando as dívidas nos hospitais, ao fim de dois anos de governação socialista, com apoio da esquerda, um acréscimo acumulado de 386 M€, mais 86% do que no final de 2015.

Conversa e mais conversa, em que os problemas do SNS se atiram “para baixo do tapete” e artificialmente se cria a ilusão que, com a criação de Grupos de Trabalho, alguma coisa se está a fazer. Só na área da Saúde este Governo criou já mais de trinta Grupos de Trabalho. Um vergonhoso faz de conta. Resultados práticos? Nenhum.

Para distrair a malta

Já nos habituámos à ideia de que quando os dias se tornam mais “escuros” na grande festividade da geringonça algum tema fraturante é lançado a debate. Desta feita a utilização da cannabis.

É mais ou menos consensual que havendo evidência científica e vantagens do ponto de vista clínico na utilização de cannabis para fins terapêuticos, esta seja legalmente permitida. Muitos doentes já usam ao longo da vida opiáceos de forma medicamente controlada com o objetivo de acalmar a dor, ou para tirar sintomas incómodos. Há boleia deste consenso, o Bloco de Esquerda avançou com uma iniciativa legislativa, não propriamente para permitir o uso terapêutico da cannabis, mas sim para abrir caminho à utilização da cannabis para fins recreativos, sem critério e sem regras. Felizmente não se caiu no logro.

História

Se é verdade que no curto prazo as disputas eleitorais internas tendem a fragilizar os grandes partidos políticos. E que abrem debates entre os militantes e, no limite, provocam mesmo algumas divergências. Com o tempo este quadro facilmente se esbate internamente. E externamente e, no médio prazo, a imagem positiva junto dos cidadãos, regra geral, tende também a melhorar. Estou confiante que as sondagens se encarregarão de o demonstrar sob a nova liderança do PSD. Mas se um novo ciclo se inicia no PSD, há um outro que se fecha, o de Pedro Passos Coelho. Na hora da sua saída, assalta-me a imagem de dias muito difíceis em que alguns “largaram a toalha ao chão” e deixaram de acreditar. Mas também uma frase que ficará para sempre na minha memória: «Eu não abandono o meu país!».

Obrigada Dr. Pedro Passos Coelho, foi uma honra e um privilégio trabalhar ao seu lado.

Mentira

Num recente debate quinzenal, o primeiro-ministro afirmou orgulhosamente que, no ano de 2017, o seu governo abrira 23 novas Unidades de Saúde Familiares, ficando apenas a duas unidades de cumprir o objetivo anual. No dia seguinte soube-se que, afinal, só tinham aberto 5 e, destas, nenhuma de forma regular. O primeiro-ministro voltou a mentir ao país e descoberta a mentira mostrou-se impávido e sereno. A mentira não passou. Desta vez não passou, mas, no entretanto, muitas outras já passaram e vão, infelizmente, continuar a passar. E todas, todas cumprirão a missão de nos oferecerem um país que nada tem a ver com o país real.

Por: Ângela Guerra

* Deputada do PSD na Assembleia da República eleita pelo círculo da Guarda e presidente da Assembleia Municipal de Pinhel

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