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Assembleia Intermunicipal chumba secretários executivos da CIM das Beiras e Serra da Estrela

Deputados não aprovaram a proposta do Conselho Intermunicipal, que tinha escolhido António Ruas, ex-autarca (PSD) de Pinhel, e José Gomes, antigo diretor de Estradas da Guarda e ex-vereador social-democrata na Câmara da Guarda

De forma algo surpreendente, os nomes de António Ruas e José Gomes, propostos para ocuparem os lugares de secretários executivos da CIM – Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela, foram chumbados pela maioria dos deputados da Assembleia Intermunicipal, que reuniu pela primeira vez na última sexta-feira. No encontro realizado no Parkurbis – Parque de Ciência e Tecnologia da Covilhã, o senense Mário Jorge Branquinho foi eleito presidente da mesa da Assembleia Intermunicipal, enquanto Amaral Veiga (Trancoso) e José Armando Serra dos Reis (Covilhã) foram eleitos, respetivamente, vice-presidente e secretário daquele órgão.

Recorde-se que António Ruas, ex-presidente da Câmara de Pinhel eleito pelo PSD, e Jorge Brito, antigo vereador socialista na Câmara de Seia, foram indicados para secretários executivos da CIM em dezembro do ano passado. Contudo, a indisponibilidade manifestada por Jorge Brito para ocupar o cargo levou a que a maioria dos 15 autarcas que compõem o Conselho Intermunicipal optasse em fevereiro por indicar José Gomes, antigo vereador do PSD na Câmara da Guarda, para o lugar de segundo secretário executivo. Na última sexta-feira, a proposta de António Ruas para primeiro secretário e de José Gomes para segundo obteve 25 votos contra, 18 a favor e um branco. O processo regressou, assim, à “estaca zero” e os 15 autarcas que compõem o Conselho Intermunicipal vão reunir na próxima terça-feira, na Guarda, para decidirem que nomes vão propor de novo à Assembleia, num encontro em que vai marcar presença Manuel Castro Almeida, secretário de Estado do Desenvolvimento Regional. Logo depois da votação ser conhecida, o presidente da CIM das Beiras e Serra da Estrela lamentou que a proposta, que resultou de uma «votação democrática» no seio do Conselho Intermunicipal, tivesse sido rejeitada.

De resto, no final dos trabalhos, Vítor Pereira não escondeu ter ficado surpreendido com a votação, mas observou que «as regras democráticas foram observadas» e que a Assembleia Intermunicipal «tem a última palavra com a sua própria dinâmica e correlação de forças». O também presidente da Câmara da Covilhã lamentou não ter visto «grandes considerações [dos deputados sobre essa matéria]», pois «era bom que tivesse havido mais debate sobre a problemática». O autarca defende que António Ruas e José Gomes «estão capacitados» e «à altura do exercício do cargo», e, sem se querer comprometer com nomes alternativos, adiantou que «vamos tentar consensualizar o mais possível a próxima lista» no Conselho Intermunicipal. Também questionado se os deputados teriam reprovado os nomes ou por serem duas pessoas do PSD, o presidente da CIM preferiu destacar que «o que nos une é muito mais importante do que o que nos divide», daí que «as questões partidárias, de natureza ideológica, devem ser relegadas para segundo plano e o que deve prevalecer é a eficácia, a eficiência e os objetivos que norteiam a existência destas comunidades». O autarca disse mesmo que «não queria personalizar o objeto da votação» e que «muitas leituras podem ser feitas, mas não me cabe a mim fazê-las», sublinhando que «a última coisa que quero é abrir fraturas na Comunidade». Vítor Pereira defendeu que a sua liderança «não sai enfraquecida de maneira nenhuma», até porque a proposta resultou de uma «escolha do coletivo» e não do presidente do Conselho Intermunicipal.

O autarca da Covilhã reconhece que «há urgência que se proceda à eleição do secretariado intermunicipal» que «não é um órgão menor», uma vez que «executa as políticas que são deliberadas no âmbito do Conselho Intermunicipal», bem como na Assembleia», daí ser «fundamental e crucial que este órgão esteja eleito o mais depressa possível». Em princípio, vai realizar-se uma assembleia extraordinária no dia 28 para os deputados votarem a nova proposta de secretários executivos e, independentemente, de ser ou não aprovada, a CIM tem de entregar até final deste mês na Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro o plano estratégico de desenvolvimento intermunicipal que está a ser elaborado «conjuntamente com uma empresa.

Ruas defende que «votações deveriam ser individuais»

Dos dois nomes propostos para secretários executivos, apenas António Ruas marcou presença na reunião da Covilhã . O ex-presidente da Câmara de Pinhel reconheceu que «a democracia é feita destas situações» e que «quem se sujeita a votações tem que estar preparado para as vitórias e para as derrotas». Ainda assim, o engenheiro proposto para primeiro secretário executivo não escondeu ter ficado com «”a pulga atrás da orelha”» por causa da votação. Mas «não posso dizer que perco por estar o meu nome ou por estar o nome do colega», afirmou, sustentando, no entanto, que «as votações deveriam ser individuais e nesse caso ver-se-ia quem é que estava a mais». Questionado se espera manter a confiança da CIM para uma nova votação, o ex-autarca frisou que «isso vai depender muito do que o Conselho Intermunicipal decidir sobre essa matéria e depois de ponderar aquilo que eventualmente me possam ou não propor tomarei uma decisão», que terá de ser «ponderada» e que «terei que tomar a frio juntamente com os presidentes de Câmara», sublinhou. Contactado por O INTERIOR, José Gomes não quis comentar a votação saída da Assembleia Intermunicipal.

Ricardo Cordeiro Vítor Pereira (segundo a contar da esquerda) defende que «há urgência que se proceda à eleição do secretariado intermunicipal»

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