Os alegados assaltantes da Câmara de Trancoso ficaram obrigados a apresentações bi-semanais no posto da GNR da sua área de residência, decretou, na passada quinta-feira, o juiz do Tribunal da “cidade de Bandarra”. Os dois homens, de 27 e 34 anos, tinham sido detidos ao final da manhã pela GNR numa operação stop na zona de Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, quando transportavam algum do material roubado nessa madrugada.
Na mala do carro os militares descobriram diverso equipamento informático, máquinas fotográficas, auto-rádios, cinco PDA e um saco com pouco mais de 30 euros em dinheiro, entro outros artigos. «A arrumação destes objectos fez imediatamente suspeitar da sua proveniência ilícita», adiantou o major Armando Moreira Ramos, relações públicas da GNR de Leiria. Levados para o posto, os dois homens, residentes em Pedrógão Grande e Sertã, confessaram a autoria de vários assaltos a outras Juntas de Freguesia da região, nomeadamente no concelho de Trancoso e Pinhel, nessa madrugada e em datas anteriores «de onde tinham sido subtraídos os artigos que transportavam». O condutor vai ainda responder por condução sem habilitação legal. Satisfeito com a rapidez desta detenção, Cunha Rasteiro, comandante interino do Grupo Territorial da GNR da Guarda, adiantou ter sido possível «”colocar” os detidos nos locais dos crimes» graças ao material recuperado e a elementos recolhidos nos edifícios “visitados” pela dupla.
O oficial suspeita ainda que ambos possam estar relacionados com «uma dúzia de furtos ocorridos em Câmaras e Juntas de Freguesia da região, devido ao modo de actuação». Segundo Cunha Rasteiro, o duo de assaltantes actuava durante a noite e regressava a seguir à sua área de residência. «A auto-estrada A23 terá facilitado essas viagens», acrescentou. De resto, na sua posse foi encontrada uma lista das Juntas do distrito da Guarda, com moradas e indicações rodoviárias. «Possuíam também um GPS com alguns desses dados e já tinham inclusive sinalizado outro objectivo, que era uma Câmara Municipal», revelou, escusando-se a adiantar qual. As autoridades estão agora a tentar relacionar o caso com situações idênticas verificadas nos distritos de Viseu e Castelo Branco nos últimos meses. O que já se sabe é que dos Paços do Concelho de Trancoso levaram cerca de 25 mil euros em material diverso e dinheiro, após arrombarem uma pequena porta lateral.
De acordo com o vice-presidente do município, todos os gabinetes tinham sido visitados pelos assaltantes, inclusive a sede da empresa Águas da Teja, concessionária do abastecimento de água no concelho, que também funciona no edifício. «Estiveram à vontade, abriram gavetas e armários à procura de dinheiro e objectos de valor», adiantou António Oliveira, acrescentando que as portas das secções também foram forçadas. Este assalto rendeu um computador portátil, um projector de vídeo, uma máquina fotográfica digital, uma “webcam”, telemóveis e telefones sem fios. «Desapareceu também dinheiro pessoal de funcionários e do município, mas sobretudo algumas centenas de euros de uma sociedade do Euromilhões formada pelos nossos trabalhadores», afirmou.
Luis Martins