A Associação Amigos da Serra da Estrela (ASE), sediada em Manteigas, vai oferecer carvalhos negrais aos proprietários de terrenos na zona serrana para serem plantados. Trata-se da nova fase da campanha voluntária de reflorestação das áreas ardidas “Um Milhão de Carvalhos para a Serra da Estrela”, que arrancou em 2006, um ano após os grandes incêndios que devastaram as encostas do vale do Zêzere, na zona alta do parque natural.
Esta opção é justificada por José Maria Saraiva, dirigente da ASE, com «o crescimento da vegetação nas zonas afectadas e pela dificuldade em prosseguir o trabalho de sementeira e plantação que tem sido levado a cabo por milhares de voluntários de todo o país, nomeadamente alunos das escolas». Para os próximos tempos, o objectivo é envolver os donos de terrenos na reflorestação a quem a associação disponibilizará «milhares de jovens carvalhos prontos a serem plantados». Este desafio circunscreve-se à Serra da Estrela, sendo que os Conselhos Directivos dos Compartes da região terão preferência. «Também os proprietários com terrenos a maior altitude e de declive mais acentuado terão primazia na atribuição das plantas», refere José Maria Saraiva. Os interessados devem inscrever-se através do e-mail asestrela@gmail.com, indicando, entre outras informações, o número de plantas desejado, o local da plantação e a freguesia onde se situam os terrenos.
Quanto aos voluntários – até agora os principais protagonistas da campanha – vão ser mobilizados para a apanha de sementes de carvalho negral. As bolotas serão depois encaminhadas para o viveiro da EDP, em Setúbal, que está a colaborar com a ASE, onde serão semeadas em alvéolos. Ali ficarão cerca de 11 meses até criarem o desenvolvimento ideal que permita o sucesso da plantação. A acção “Um Milhão de Carvalhos para a Serra da Estrela” surgiu para travar a erosão provocada pelos fogos de 2005. A iniciativa foi para o terreno no ano seguinte, tendo sido plantados desde então mais de 20 mil carvalhos, bétulas, vidoeiros, tramazeiras e teixos e lançadas 25 milhões de sementes, segundo a ASE. As acções promovidas movimentaram mais de 3.400 voluntários, incluindo centenas de crianças de escolas de todo o país. O objectivo é criar bosques nas encostas afectadas, o que contribuirá para a estabilização dos solos em terrenos situados entre os 1.400 e 1.600 metros de altitude.
“A ASE pretende contribuir para minimizar os riscos da erosão, aumentar a capacidade de retenção e do armazenamento da água e manter e fomentar a sustentabilidade dos recursos naturais e da biodiversidade”, recorda o coordenador da campanha, José Maria Saraiva. Garantir a manutenção futura da actividade pastoril, melhorar a paisagem e, consequentemente, a promoção do turismo, são outros dos objectivos desta campanha.
Luis Martins