Concordando-se com a questão tabágica ou não, deixando de lado a questiúncula fumadores e direitos, coloquemos como exercício o facto de uma pessoa fazer diferença. Um cidadão num lugar escolhido, apoiado sem titubear, com a mão da autoridade pode construir uma revolução? O caso da ASAE é um paradigma deste facto. Portugal mudou há uns anos quando a legislação anti tabágica impôs o fim da primazia do cigarro sobre a abstinência. Havia tabaco em todo o lado. Saíamos de camisa lavada e ela enchia-se de fumo nos cafés, nos restaurantes, nos hospitais, nos pavilhões desportivos, nas salas de espetáculo. Houve um tempo em que no autocarro fumava quem queria. Houve um tempo em que no avião se fumava, no comboio, ao nosso lado. E a lei cumpriu-se porque razão? Porque alguém levou a tarefa a peito e construiu uma epifania. Chegaram as inspeções de surpresa, as vistorias, as multas, com claro pendor dissuasivo. Não valia a pena pecar porque a probabilidade maior era a punição. A punição era violenta e extrema. O homem que geriu a ASAE nessa altura fez uma revolução em Portugal e hoje muitos percebem a importância daquela mudança. Hoje, há menos fumadores, há menos espaços para os consumidores e a alguns resta-lhes o pecado na condução, que, como não depende da ASAE mas sim da PSP ou da GNR, se perpetua em Portugal. As instituições que cumprem a sua função reguladora podem fazer mesmo a diferença e é por isso que Carlos Costa e muitos históricos do Banco de Portugal não têm razão.
Por: Diogo Cabrita