Virgílio Bento queria ser candidato pelo PS à câmara da Guarda. Como perdeu as primárias para José Igreja discute-se agora se poderá ir a votos como independente. Poder, pode, mas não deve. Quando aceitou concorrer às primárias aceitou também, implicitamente, respeitar os resultados. Virgílio Bento não é um qualquer coronel Sul-americano, que tem preparado um plano B para o caso de perder as eleições na sua república das bananas. Deveria recusar o papel mas, cuidadosamente, tem estado calado. Deixou que os rumores sobre uma candidatura independente se fossem avolumando. Fala-se em sondagens, em almoços, em vagas de fundo, em conversas com António José Seguro. Deveria antes falar-se no compromisso de honra que implicou submeter-se a primárias com José Igreja e às consequências da derrota sofrida. E chegou o momento de dizer, ele, publicamente, que está de fora das próximas eleições.
No PSD instalou-se a palhaçada. Era claramente Manuel Rodrigues, passou a não ser bem assim, falou-se de seguida em Álvaro Amaro, depois menos, depois afinal não, e agora fala-se outra vez em Manuel Rodrigues que, entretanto, já disse que não contassem mais com ele.
Temos ainda o PS. José Igreja ganhou as primárias e vai ser finalmente candidato à câmara da Guarda. Todos recordarão que não é a primeira vez que se fala nele para o cargo e que já antes, por uma ou outra razão, acabou por se não apresentar a votos. Demos então de barato que é agora. Atrás dele, José Igreja tem a herança do seu partido. Não pode dizer que esteve de fora e é inocente quanto ao actual estado das coisas. A verdade é que sempre esteve no partido e apoiou implicitamente as políticas de Abílio Curto, Maria do Carmo Borges e Joaquim Valente. A sua candidatura não rompe com as anteriores gestões e surge claramente como uma “evolução na continuidade”. Pergunto: isso é bom?
Por: António Ferreira