P- Quais as medidas que vão ser tomadas a curto prazo pela Comissão de Utentes da A23?
R- A Comissão de Utentes da A23 decidiu na sua reunião pública de 3 de fevereiro que, para além do pedido de audiências ao ministro do Planeamento e das Infraestruturas e à Comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas, irá proceder a um conjunto de ações de informação e sensibilização junto da população de forma a colocar novamente na ordem do dia esta questão, a sua importância e pertinência para a região.
P- No seguimento das medidas, já se percebeu que não é com abaixo-assinados e machas lentas que se conseguem resultados, a contestação vai endurecer e de que forma?
R- A contestação vai endurecer de acordo com as decisões da mesma reunião pública, que ditou que é necessário arranjar novas formas de luta, mais exigentes e abrangentes, capazes de alcançar o objetivo de abolir as portagens.
P- Caso os projetos de lei apresentados pelo PCP e pelo BE sejam chumbados na Assembleia da República, que iniciativas irão surgir?
R- Estas coisas são de uma lógica e matemática irrepreensível. Para que os projetos do PCP e do BE sejam chumbados é preciso que o PS e PSD, um se abstenha e outro vote contra. Lá estaremos para ver a coerência entre os programas eleitorais, as palavras e os atos e denunciar aqueles que sejam incoerentes e desonestos. As iniciativas serão consonantes com a necessidade desta luta.
P- Acha que os políticos locais podiam e deviam fazer mais por esta causa?
R- Podem e devem. Mas o facto de serem políticos locais não iliba os que militam nos partidos que decidiram pela sua implementação. Quer tenha sido na sua criação com isenções, quer tenha sido no decreto dos atuais valores. Não é politicamente sério nem intelectualmente honesto vir apregoar para a região uma posição diferente da defendida a nível nacional. Nem tão pouco os mesmos que as implementaram virem agora defender a abolição. Mas esta frente de luta está sempre aberta e disposta a incorporar novos apoios, pelo que esperamos que se os que ainda estão indecisos se juntem a este desígnio do interior.
P- Que indicadores têm do impacto das portagens na economia da região?
R- As regiões atravessadas pela A23 são das mais deprimidas do país, com taxas de desemprego, índices de falências e despedimentos, índices de desertificação, entre outros, sempre acima da média, e com um salário médio que ronda os 650 euros. A introdução de portagens na A23 veio destruir por completo a capacidade competitiva e produtiva das Micro e PME’s do interior. O desvio do trânsito rodoviário para as estradas nacionais e zonas rurais, causado pela introdução de portagens, teve consequências trágicas nos domínios ambiental, de qualidade de vida e de sinistralidade rodoviária. Os milhões de euros mensais que condutores privados e empresas gastam em portagens ao longo da A23 representam uma nova tributação.
P- O governo já disse que não vai eliminar as portagens, mas poderá introduzir descontos. Essa é uma solução que o satisfaz?
R- Essa não é uma solução sequer. Não satisfaz os utentes, a região, nem o país. Foram os descontos e as isenções que nos trouxeram até aqui, às portagens mais caras do país. A Comissão de Utentes da A23, juntamente com Associações de Empresários e Sindicatos, solicitaram recentemente uma audiência conjunta ao ministro do Planeamento e das Infraestruturas em que colocaram a abolição das portagens nas ex-SCUT como questão central para o desenvolvimento da região e do interior do país.
Perfil:
Idade: 39
Profissão: Gestor
Currículo: Licenciatura em Gestão e Pós Graduação em Marketing Territorial pela UBI, Coordenador da Equipa Técnica da Beira Serra – Associação de Desenvolvimento, Presidente da Junta de Freguesia de Boidobra, Covilhã
Naturalidade: Covilhã
Filme preferido: “A Vida é Bela”, de Roberto Benigni
Livro preferido: “Os Esteiros”, de Soeiro Pereira Gomes
Hobbies: Caminhar e viajar