Um tipo fraco, uma pessoa má, escreveu sobre outra que ela tinha roubado um copo de cristal. O copo jaz morto no chão. Partido em mil pedaços, foi varrido e deitado fora. Pergunta-se se o Arlindo roubou. Pergunta-se se o copo roubado era importante. Perguntam se roubava amiúde. Ninguém perguntou ao Arlindo se roubou. Investigam a partir da carta do Mágente e vão induzindo respostas a perguntas que pressupõem um facto que se não deu. Arlindo nunca roubou, mas isso ninguém sabe. Mágente fez uma queixa e Arlindo é investigado. Vieram os que gostam dele e afirmaram que não, seguidos de alguns ódios que dizem que sim. Então Mágente acusa-o “disto e tal e coisa e tal”. É mas esse copo peguei-lhe e partiu-se. Alguém o varreu. Nunca o roubou? Não. Nunca o escondeu? Não. Mas Mágente escreveu que lhe pegou e depois o cálice desapareceu. Sabia que era caro? Sim, era de um cristal especial. Porque o levou? Mas eu não o levei. Serviu-se espumante nesses copos e o meu caiu e partiu-se. Não o vendeu? Diz que tem uns problemas financeiros. Mas não o levei e não o vendi.
As perguntas surgem modelando uma história que de realidade nenhuma se converte em coisa de ladrão. As questões podem conduzir uma conversa se não as soubermos gerir. Mais velozes que as certezas e mais insinuantes que factos, as perguntas montam um esquema e uma estratégia.
Por: Diogo Cabrita