No final do seminário “Manuel António Pina – Palavras para além das Fronteiras”, Eduardo Lourenço, de forma categórica, afirmou que o homenageado «é um dos grandes poetas portugueses actuais». A iniciativa integrada no ciclo de actividades dedicadas ao escritor e poeta, que nasceu no Sabugal em 1943, juntou na Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço, na Guarda, no passado dia 21, escritores e jornalistas, amigos e admiradores do cronista e autor.
Entre eles, José Carlos Vasconcelos, director do “Jornal de Letras”, para quem «o Pina é o melhor cronista português», para depois acrescentar que «é preciso muito engenho e arte» para escrever com simplicidade, mas considerando-o «sempre muito literário». Pedro Dias de Almeida, jornalista da Visão, moderou a mesa onde se debateu Jornalismo e Crónica e que contou também com Viale Moutinho, Fernando Paulouro e Luís Miguel Queirós, jornalista do Público e estudioso da obra de Manuel António Pina. Este último referiu que «as palavras escrevem-se a si próprias» e as do autor são «lidas por todo o tipo de pessoas: pelo meu colega de redacção ou pelo taxista», referindo-se nomeadamente às crónicas publicadas na última página do “Jornal de Notícias”. Já para Fernando Paulouro, as crónicas no “JN” «são uma espécie de café matinal de que preciso todos os dias». O director do “Jornal do Fundão” acrescentou ainda que «a escrita jornalística nem sempre está marcada pela efemeridade e a crónica tem vida» para além do jornal.
Sobre as crónicas de Manuel António Pina, Paulouro considerou que «falam de coisas que estão próximas das pessoas» e «é isso que as pessoas gostam nos jornais». O seminário contou ainda com a presença de muitos outros autores e amigos do «cronista e poeta», como Arnaldo Saraiva, o ensaísta Eduardo Lourenço, Germano Silva (veterano jornalista que fez questão de recordar alguns episódios da longa história de convívio com Pina), Carlos Magno, Manuel da Silva Ramos ou o editor Manuel Rosa, entre outros. Manuel António Pina foi jornalista, é poeta, autor de livros infantis, colunista (no “JN”) e é membro do Conselho de Imprensa. Este ciclo foi organizado pela Câmara Municipal da Guarda, o TMG e o CEI. A iniciativa incluiu exposições, seminários, teatro e poesia do autor em diversos espaços da Guarda entre os dias 16 e 22 de Janeiro.
Câmara da Guarda cria Prémio Manuel António Pina
À margem do seminário “Manuel António Pina – Palavras para além das Fronteiras”, Joaquim Valente, presidente da Câmara da Guarda, anunciou a criação do Prémio Literário com o nome do homenageado, a atribuir pela primeira vez este ano. Nas palavras do edil, este prémio literário «pretende divulgar obras inéditas de poesia e de literatura infanto-juvenil, prestando desta forma homenagem ao grande escritor e poeta natural do distrito da Guarda». O valor pecuniário do prémio será de 2.500 euros e será atribuído, anualmente, de forma alternada, premiando obras de poesia e de literatura infanto-juvenil. O galardão agora instituído tem ainda a particularidade de ter como parceiro da autarquia a Assírio & Alvim, que assegura a edição e distribuição das obras vencedoras.
O escritor, autor de 60 obras literárias, reagiu à atribuição de um prémio com o seu nome, dizendo que se sentia «honrado e embaraçado, ao mesmo tempo» e, de forma humilde, asseverou que é leitor «daquilo que escrevo, conheço-me mais proximamente do que ninguém» para concluir que «sei que não mereço isto». O júri do novo prémio literário será constituído pelo vereador do pelouro da Cultura da Câmara da Guarda, por um representante da editora Assírio & Alvim, outro da Associação Portuguesa de Escritores, por Manuel António Pina e por uma personalidade de reconhecido mérito, a designar.
Luis Baptista-Martins