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As nossas instituições de caridade

É raro o dia em que, nas nossas estações televisivas, não apareçam novas instituições com as mais variadíssimas siglas para protecção de meninas que engravidam precocemente. E engravidam, segundo elas próprias afirmam, por não contarem que isso pudesse acontecer. Santa ignorância!!

A do “Praça da Alegria” do passado 21 de Novembro era uma jovenzinha bem nova (aí para os 17/18 anos), enquanto Jorge Gabriel, com uma disposição de louvar, orientou o programa com a maior leveza sobre o assunto. A menina não tinha tido apoio familiar e obteve algum do namorado e família, afinal sempre tinha tido apoio! Mas encontrou no hospital uma instituição que a apoiou em tudo e gratuitamente. Maravilha!

Para quê ter qualquer preocupação se os apoios surgem do nada? (…) Ainda nunca ouvi falar de qualquer tipo de instituição para orientar famílias não estruturadas (a Assistência Social indaga situações, mas tem poucos recursos para os resolver), nas quais houvesse direito a aulas para o planeamento da vida familiar, educação cívica e religiosa dos filhos, que tão abalada anda, e assim serem constituídas famílias com pessoas de bem e em que os pais aprendam a fazer-se respeitar pelos filhos, coisa que também está a cair em desuso. Todo o dinheiro dispensado a esse rol de instituições seria aplicado nas Famílias, aumentando o seu poder económico e melhor nível de vida.

(…). Nunca se viu tanta criança abandonada, maltratada e escravizada. Terão elas um dia de pedir contas ao Sistema em que foram inseridas que, aparentando tudo lhes oferecer no início de vida, tudo lhes recusa na estruturação da mesma. Dão-lhes coisas que se adquirem com dinheiro, mas faltam-lhes os valores morais. E esses não se adquirem nas instituições: é na Família.

Mas o que está mais em causa hoje não são as atitudes das crianças, mas sim as dos pais. E é por isso urgente a educação dos pais, não se inibindo o Governo de criar Escolas para Pais – que bem podem vir a substituir as poucos recomendáveis Associações de Pais nas escolas, que muitas vezes só servem para criar meninos rebeldes e agressores de professores. Se a atitude das crianças é negativa é porque não têm pais que os eduquem! Quando é que um jovem de 14 anos sofreu de depressões e se auto-flagelou? Onde estavam os pais que não deram conta dessa depressão? Não estavam!!!. Sendo assim, é pois pelos pais que temos de começar, quer queiram quer não…

Zelinda Rente, Freches (Trancoso)

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