Dedico este texto a todos aqueles que em casa são poupados, comedidos, cuidadosos. Dedico este artigo aos que não desperdiçam, cuidam da luz fechada, da gota que insiste em pingar, que guardam os pratos fendidos, que comem o pão já seco, que fazem açorda, que cuidam do amanhã, quando a falta vier recordar os desperdícios. Isto vem a propósito das mesmas pessoas que em lugares do Estado tudo esbanjam e desbaratam. A unidade de medida de uma auxiliar do hospital é “às mã cheias”, às litradas. Quero uma taça de desinfectante vem cheia, quero uma compressa – vêm trinta -, quero um lençol, sujo quatro. É a molhada, as paletes, resmas de etiquetas, de papel em branco nos processos, de envelopes para rascunhos. Aqui não há quilos, nunca é um metro ou polegada. Nas instituições públicas a unidade de medida é o granel, a mãozada, o balde cheio, ou mesmo o molho, o fardo para quem carrega. Nunca viste como se gastam os materiais entre os que saem sem licença e os que se deitam fora ainda bons? Isto tem soluções mas tardam em chegar.