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As lições da História

Crónica Política

1. Escrevi na minha ultima crónica que o problema do PS não se resumia à opção entre António José Seguro e António Costa, mas sim na relação do PS com a sua história.

Os factos vieram confirmar a inquietação, com que os socialistas olham a sua história recente, designadamente, do último governo de José Sócrates.

E confesso alguma mágoa e a muita perplexidade com que assisto ao súbito desconforto dos socialistas com a herança do seu último governo.

O nome de José Sócrates parece queimar, constitui como que um vírus que ameaça contaminar cada uma das candidaturas.

Ora, na minha opinião, o problema não está tanto em José Sócrates, nem na terrível herança que deixou ao país, nas sim nas consequências que o PS queira tirar da lição da história recente.

A História não se recebe a benefício de inventário, todos os momentos de grandeza e de miséria fazem parte do nosso processo histórico.

Os Governos de José Sócrates fazem parte da História de Portugal e da história do PS, no deve e haver que acrescentou ao país.

Os seus governos tiveram políticas positivas, inovadoras, que acrescentaram e contribuíram para o desenvolvimento de Portugal, mas foi o que sobrou de teimosia e desvario despesista, consequência da irresistível tendência que os socialistas têm para o populismo e a demagogia que conduziu Portugal a falência eminente do Estado.

Por isso, o que será relevante observar é que consequências os socialistas querem tirar da História, como respondem à necessidade de cumprir o Tratado Orçamental, como ultrapassar as limitações Constitucionais que se colocam à redução da despesa pública, com o peso do Estado na economia, como desenharão a reforma do Estado?

Não adianta repudiar Sócrates, se lhe copiam o irrealismo e a demagogia!

Os Portugueses dificilmente aceitarão a liderança socialista que sairá vencedora se não sentirem que o PS retira da História todas as consequências que o país merece e exige.

O que o PS não pode é limpar José Sócrates da sua história e da História de Portugal.

2. O romance de cordel em que se transformou a escolha dos Secretários da CIM parece ter chegado ao fim, nas só agora começam, com assinalável atraso, os trabalhos de preparação da proposta estratégia que se apresentará ao novo Quadro de financiamento europeu.

Também aqui devíamos retirar lições da História, refletir com ponderação sobre a oportunidade que se nos depara, para concretizar o programa mais exigente e ambicioso que as necessidades do nosso atraso estrutural e competitivo impõem.

A desconfiança dos cidadãos que se inquietam legitimamente com a distância entre a vida prometida e a vida sofrida, pouco reconfortada com o rejuvenescimento de muitas lideranças municipais, aconselharia a que a formatação da estratégia a apresentar pudesse ser amplamente discutida e refletida.

O desafio será demasiado exigente?

Por: Júlio Sarmento

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