P – Porque decidiu aceitar o desafio de ser o novo coordenador da União de Sindicatos da Guarda?
R – Aceitei este desafio porque os camaradas da União de Sindicatos da Guarda entenderam confiar-me essa grande tarefa que é coordenar o trabalho sindical no distrito da Guarda, enfrentando os perigos de uma sociedade em que os direitos dos cidadãos são todos os dias subtraídos. Por isso, queremos um alternativa política patriótica e de esquerda que dê voz à razão dos trabalhadores e do povo.
P – Quais são os maiores problemas que os trabalhadores do distrito enfrentam nesta conjuntura de crise?
R – Os maiores problemas com que os trabalhadores se debatem nesta altura são a incerteza do futuro nas empresas com encerramentos e insolvências. Por outro lado, os trabalhadores sentem o medo de sofrer represálias por lutarem e defenderem os seus direitos e serviços de qualidade e gratuitos no seu distrito. A desertificação no interior e em concreto no distrito tem a ver com as políticas de desenvolvimento que falharam e por isso a CGTP/IN pede não um governo de salvação nacional, mas um governo que salve as famílias da miséria, do desemprego e que valorize a produção nacional. Entendemos que só assim será possível alterar a curva do desemprego para mais emprego, mais trabalho, mais crescimento e menos dívida. Os constantes encerramentos de serviços públicos na nossa região também agravam o problema.
P – Quantos trabalhadores sindicalizados há no distrito?
R – Não é fácil ter esse número porque existem sindicatos que não são filiados na CGTP/IN, mas podemos falar neste momento em cerca de sete mil sindicalizados no distrito representados pelos sindicatos filiados e que fazem parte da União de Sindicatos da Guarda.
P – É um número satisfatório?
R – É um número positivo, mas com mais intervenção sindical temos condições para aumentar, quer em número de associados, quer na participação nas ações de massas. Hoje é necessária uma grande intervenção sindical porque estamos a ter a maior retirada de direitos depois do 25 de Abril e temos de inverter a situação e continuar a lutar por melhores salários e direitos sociais.
P – As diversas greves têm tido a adesão esperada na região?
R – As greves da administração pública na região foram as maiores dos últimos anos. No caso das empresas é mais difícil a adesão à greve porque os trabalhadores estão sempre com receios e medos do despedimento. Estes são motivos para as pequenas empresas, por vezes, não terem uma grande adesão nas greves.
P – Acha que as pessoas deviam manifestar-se mais?
R – Entendo que as pessoas devem defender os seus direitos na saúde, na escola pública, na segurança social, no trabalho e defender serviços públicos de qualidade e gratuitos. Quando se falou da possibilidade do encerramento da maternidade na Guarda, as pessoas reagiram e lutaram contra esta medida do governo e até este momento continua aberta. Já no caso das portagens houve muita luta das populações, mas o governo optou pela introdução de portagens prejudicando as pessoas e as empresas do interior.
P – O facto de trabalhar em Vila Nova de Foz Côa não dificulta o seu trabalho enquanto coordenador da União de Sindicatos?
R – Quando se tem uma equipa de dirigentes que responde com qualidade e eficácia, esse problema da residência no topo norte da Guarda não se coloca.