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As escolhas têm consequências

Crónica Política

A tónica no presente é enaltecer os heróis de causas, muitos deles na base do voluntariado. Mas o fundamental é questionar e responsabilizar os que destruíram o Estado nas suas essenciais funções de intervenção, não apenas nas Funções Sociais do Estado. Um exemplo, a área da saúde, desde o governo PSD/CDS de Durão Barroso, passando pelo governo do PS/Sócrates fui tudo no sentido de liquidar direitos dos profissionais e dos utentes, incluo aqui o transporte de doentes não urgentes.

Apesar das dificuldades crescentes, dos cortes salariais, no roubo de dias de férias, no roubo do trabalho suplementar e noturno e extraordinário, numa palavra o desrespeito pelas carreiras. A resiliência dos diversos profissionais de saúde a demonstram que a noção serviço público pode mobilizar energias, vontades e mover montanhas, mas também há aqueles que têm conluio com interesses privados, neste sentido haja vontade política de separação clara entre público e privado.

Não compreendo as claudicações dos decisores executivos políticos e também os gestores da causa pública. Se dispõem de instrumentos que validam ou monitorizam a dura realidade, esta de subfinanciamento estrutural do SNS no distrito da Guarda, não haja confluência de atitude política de exigência clara de investimento em sede de Orçamento Geral do Estado. Os investimentos necessários em equipamentos públicos de saúde não podem estar dependente de critérios de circunstância, devem merecer uma planificação estratégica de investimento no todo do nosso SNS.

Não basta apregoar que há a militância de uns quantos anónimos e muitos deles chamados de “heróis anónimos” do Serviço Nacional de Saúde. Não compreendo o silêncio de alguns interesses corporativos, quando sabem que há pagamento escandaloso à peça de alguns profissionais de saúde em contrapartida não valorizam os profissionais de saúde com dedicação exclusiva ao nosso SNS. Quando defendo dotações seguras de enfermeiros para o exercício de excelência, este reproduz-se na melhoria dos cuidados de saúde às populações e deve haver uma monitorização fina do desempenho dos profissionais. É importante esclarecer que a motivação profissional está em muito relacionada com as decisões políticas de destruição das carreiras profissionais pelos sucessivos governos PSD/CDS e PS.

Agora o governo minoritário do PS mantém a primazia de servir o capital e não o trabalho. Sinal claro de mudança seria a valorização profissional e salarial de todos os profissionais de saúde. Numa palavra, o que falta ao Ministério da Saúde/PS na administração regional de saúde e claro está na administração da ULS da Guarda, é a capacidade para reconhecer o mérito das diversas iniciativas, divulgá-las e incentivá-las, mas com medidas concretas no reforço de investimento e de valorização profissional e salarial, mas também criar condições para que estas se possam alargar, contribuindo no reforço do SNS e o prestígio dos seus profissionais, de forma a beneficiar os doentes e as populações. Falta uma coisa essencial – responsabilizar politica e administrativamente com os recursos necessários, estes nunca existiram desde a formação do nosso SNS, mas há sempre espaço para as parcerias público-privadas. É estranho? Não! É opção de classe dos sucessivos governos.

Por: Honorato Robalo

* Dirigente da Direção da Organização Regional da Guarda do PCP

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