Quem tiver tempo, paciência e gosto para “gincanas” poderá conseguir tornar mais económica uma viagem entre a Guarda e Torres Novas mesmo com a anunciada introdução de portagens. Isto porque, de acordo com um documento a que O INTERIOR teve acesso, vai haver vários troços na totalidade dos 237 quilómetros que constituem a A23 em que não se vai pagar para circular. De resto, existem 38 nós rodoviários em toda a extensão da autoestrada da Beira Interior, incluindo o de entrada e o de saída, e foram instalados apenas 16 conjuntos de pórticos de cobrança.
Deste modo, por exemplo, uma viatura que entre no nó de Caria (Belmonte Sul) e saia no da Covilhã Sul, passando ainda pelo da Covilhã Norte, não paga qualquer taxa, tal como ilustra o esquema (ver caixa) fornecido pela PORTVIAS – Portagem de Vias SA, criada para gerir o regime de portagens da A23. A nova entidade surgiu em virtude da extensão da autoestrada ser gerida por duas empresas distintas: a Scutvias, a concessionária da rodovia entre os quilómetros 37 (Nó Oeste de Abrantes) e 217 (confluência da A23, com a A25, após a cidade da Guarda), enquanto que a restante distância entre o quilómetro zero (confluência com a A1) e o 37 tem a gestão direta da Estradas de Portugal. Analisando o esquema de localização de pórticos de cobrança eletrónica, constata-se que quem entrar na A23 no nó da A25/Pinhel e sair no da Guarda Sul não pagará portagem, o mesmo não sucedendo se prosseguir em direção à Benespera, uma vez que entre esses dois nós está colocado um ponto de cobrança, o primeiro para quem circular de norte para sul.
O mesmo documento mostra que a maior concentração de pórticos em toda a extensão da A23 surge mesmo no concelho da Guarda e na “fronteira” com o de Belmonte. Assim, depois do primeiro pórtico, surgem outros dois, entre Benespera e Belmonte Norte e entre os dois nós de Belmonte, Norte e Sul. A segunda “benesse” surge logo a seguir, uma vez que quem entre no nó de Caria (Belmonte Sul) e saia no da Covilhã Sul não terá de pagar. Entre a Covilhã Sul e o Fundão Norte há um novo pórtico, seguindo-se mais uma extensão isenta de portagens até ao nó de Castelo Novo. Ainda no concelho do Fundão, quem entrar no nó da Soalheira e sair na Lardosa também não pagará. “Viajando” mais para sul encontram-se dois conjuntos de quatro nós, cuja circulação entre os mesmos não vai ser paga. O primeiro liga os nós de Fratel (Vila Velha de Ródão) a Envendos (Mação), incluindo ainda os de Riscada e Gardete. Já o segundo contempla os nós de Constância Centro a Atalaia (Vila Nova da Barquinha), incluindo ainda os de Constância Oeste e Roda.
De acordo com o gabinete de apoio ao utente da Portvias, «a montagem e instalação» dos 16 conjuntos de pórticos, que configuram PdC (pontos de cobrança), «estão concluídas, podendo iniciar-se o funcionamento do sistema de cobrança, após indicação do Estado e após profusa informação dos utentes». Em relação ao custo por quilómetro na A23, a recém-criada entidade recorda que «no que respeita aos tarifários e taxas a praticar na autoestrada, é necessário que seja produzida legislação específica sobre a matéria pelo Governo e pela Assembleia da República, seguidamente promulgada pelo Presidente da República e posteriormente publicada em “Diário da República”, o que não ocorreu até à data para o caso da A23». No entanto, a Portvias admite que «as taxas serão idênticas às cobradas nas três SCUT que iniciaram o regime de portagens em 15 de outubro de 2010 (Litoral Norte, Costa da Prata e Grande Porto)», ou seja, cerca de 8 cêntimos por quilómetro e por viatura ligeira (Classe 1), de 14 cêntimos para a Classe 2, de 18 para a Classe 3 e de 20 cêntimos para a Classe 4.
Ricardo Cordeiro
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