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Aproveitamento hidroeléctrico na barragem do Sabugal continua na ordem do dia

Avanço de projecto «muito importante» para as autarquias de Penamacor e Sabugal está dependente da conclusão do túnel entre as barragens do Sabugal e Meimoa

As Câmaras do Sabugal e Penamacor permanecem interessadas em avançar com o aproveitamento hidroeléctrico do transvase da barragem sabugalense para a Meimoa. Este projecto, que só poderá ser posto em prática depois da construção do túnel para a transferência de água entre as duas albufeiras, é considerado «muito importante» para os dois municípios, em virtude de poder vir a funcionar como mais uma fonte de receita. A infraestrutura, com uma extensão de 4,2 quilómetros, é mais uma etapa que permitirá o pleno funcionamento do Regadio da Cova da Beira, cuja última fase foi lançada recentemente.

António Morgado, edil do Sabugal, explica que a água que vai possibilitar o aproveitamento hidroeléctrico provirá dos dois concelhos raianos, sendo que o ponto escolhido para a colocação do equipamento necessário ao aproveitamento desse caudal ficará localizado no concelho vizinho de Penamacor. Daí que interesse aos dois concelhos «saírem beneficiados» do uso que se poderá fazer das águas das barragens que atravessam ambos os municípios. Para o autarca sabugalense, «é muito importante» para estes concelhos que o projecto se concretize, porque poderá ser mais «uma fonte de receita, das poucas que temos», ainda por cima retirada de uma «matéria-prima» como a água. No que toca a prazos previstos para a sua implementação é que «as coisas são mais complicadas, uma vez que ainda ninguém sabe quando é que o túnel vai estar concluído», acrescenta António Morgado. «Se as coisas correrem dentro da normalidade poderá ficar pronto no final de 2005», espera, mas é preciso contar com o surgimento de «eventuais problemas», caso da eventual repetição de avarias na “toupeira” que está a fazer a escavação do túnel.

Contudo, seja em 2006 ou 2008, «o que nós queremos é que as autarquias tenham a possibilidade de terem mais essa fonte de receita que é de inteira justiça», sublinha. Até porque os municípios não podem estar à espera de grandes receitas das contribuições autárquicas, «que já nem o são», ou do turismo, cujas boas potencialidades da região ainda não geraram o movimento «que gostaríamos que houvesse para permitir mais receitas», refere. Mas nem tudo parece agradar a António Morgado. É que, devido a exigências ambientais, apenas se poderá produzir energia eléctrica, que será canalizada para a rede da EDP, durante o período de rega, entre Junho e fins de Setembro, uma situação que o autarca não compreende: «Não faz sentido nenhum não poder aproveitar em pleno esta infraestrutura. Quem defende essas situações está a ver mal o problema, porque se temos barragens, canais de rega para irrigar e se vamos ter, mais tarde, o equipamento para produção de energia, acho que devemos tirar o aproveitamento durante todo o ano, desde que haja água», reclama o autarca. Morgado considera ainda ter sido uma «grande estupidez» não ter sido feita a barragem de Foz Côa, admitindo que se devemos preservar aquilo que vem de outras eras, também «não podemos só por causa disso prejudicar o futuro de uma região». Nesse sentido, António Morgado não acredita que o futuro Museu do Côa vá trazer mais benefícios à região e ao país «do que traria a construção da barragem». Apesar das várias tentativas, não foi possível até ao fecho desta edição conhecer a posição de Domingos Torrão, presidente da Câmara de Penamacor.

Ricardo Cordeiro

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