António Costa considera «essencial» que o interior possa também beneficiar do dinamismo do setor do turismo, aproveitando os recursos endógenos existentes. O desafio foi lançado pelo primeiro-ministro na quinta-feira, na inauguração da terceira edição da Feira Ibérica de Turismo (FIT), que decorreu na Guarda até domingo.
No seu discurso, o chefe do Governo lembrou que, em Portugal, «os últimos indicadores disponíveis por parte do Instituto Nacional de Estatística apontam para crescimentos de 14 por cento no número de hóspedes, de 20 por cento dos proveitos hoteleiros e de 10 por cento nas receitas turísticas». É, por isso, «essencial» que o interior também consiga aproveitar esta onda positiva da procura turística que o país vive. «Só assim é possível criar mais riqueza, criar oportunidades para os jovens e assegurar a coesão territorial, atenuando as assimetrias regionais», defendeu António Costa. Na Guarda, o primeiro-ministro deixou ainda a garantia de uma aposta no desenvolvimento económico da região, lembrando que foi com esse objetivo que foi criada a Unidade de Missão para a Valorização do Interior.
António Costa reconheceu ainda que a zona fronteiriça, outrora conhecida como «as traseiras do litoral», é atualmente uma região «com grande oportunidade». Também o embaixador do Brasil em Portugal referiu durante a sua intervenção que o «turismo no país não é apenas Lisboa, Porto, Coimbra e Faro», afirmando que a Guarda «também pode gerar riqueza». Mário Vilalva justificou a participação na FIT por considerar que a feira é «uma aposta com potencial». O certame contou com 126 expositores, entre eles o Brasil e a comunidade espanhola de Castilla y Léon como convidados. De acordo com Álvaro Amaro, foram registadas 23.933 entradas. No final da última reunião de Câmara, realizada na segunda-feira, o autarca considerou que, «ano após ano, esta feira convida cada vez mais a ser visitada» e também ironizou com o mau tempo que se fez sentir nos quatro dias do certame: «Se a FIT resistiu a tamanhas tempestades já nada a fará parar», assegurou.
Câmara disponível para «reverter» negócio do Hotel Turismo
«A Câmara está disponível para reverter o negócio» do Hotel Turismo caso a venda do imóvel se transforme «numa querela jurídica», anunciou Álvaro Amaro durante a cerimónia inaugural da FIT.
Na presença do primeiro-ministro, o edil guardense lembrou que passado um ano sobre o início da segunda hasta pública e, «pese embora todos os esforços» do Turismo de Portugal e do Estado, a venda do edifício ainda não foi concluída. «Ou o assunto se resolve agora, tão breve quanto possível, perante a economia do mercado, ou, caso se transforme numa querela jurídica, o município estará disponível para reverter o negócio», sublinhou Álvaro Amaro. O autarca admitiu que esse é um desfecho que não deseja, mas «em nome desse melhor uso do património do Estado Português, nós estaremos disponíveis para o fazer». António Costa ouviu Álvaro Amaro mas ao longo do seu discurso não tocou no assunto do Hotel Turismo, que fechou portas há quase seis anos e foi vendido ao Turismo de Portugal por 3,5 milhões de euros em maio de 2011. Em 2015, a Direção-Geral do Tesouro e Finanças realizou uma hasta pública para venda do imóvel que ficou deserta. O espaço foi novamente colocado à venda, por 1,7 milhões de euros, através de um concurso público de arrendamento com opção de compra, tendo sido selecionado o grupo Visabeira para negociar com o Estado a reabertura da unidade. As partes ainda não terão chegado a acordo quanto ao valor da renda mensal que o grupo empresarial fica obrigado a pagar até exercer a opção de compra do hotel.
Dar nas vistas na FIT
Na FIT, os municípios da região deram o seu melhor para dar nas vistas. Houve provas de vinhos, degustação de produtos tradicionais, música, animação e divulgação de roteiros e património. Para o ano há mais.
Patrícia Garrido 
