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Antigas piscinas da Guarda são «lixeira a céu aberto»

Moradores do Bairro das Lameirinhas estão revoltados com «vizinhança que ninguém quer ter»

Aparas de relva, folhas secas em “quantidade industrial”, escorregas, baloiços, troncos de madeira, barris de vinho, pneus usados, sinais de trânsito e grades de cerveja. É este cenário desolador que se pode contemplar nas antigas piscinas municipais da Guarda, na Rua do Estádio Municipal. Uma realidade incómoda para a vizinhança e que o presidente da Câmara disse desconhecer.

Os moradores do Bairro das Lameirinhas estão revoltados com a situação que, asseguram, se arrasta desde 1999, altura em que o actual Complexo das Piscinas Municipais foi inaugurado e o antigo espaço de lazer foi desactivado e abandonado. «Isto é uma autêntica lixeira a céu aberto e um barril de pólvora cheio de bicharada. Trazem frequentemente mais lixo para juntar ao que já cá está», reclama Mário Pombo, enquanto aponta para as marcas frescas de rodados na estrada de terra batida e para as antigas piscinas exteriores, hoje completamente entupidas de folhas secas. De resto, quando O INTERIOR visitou o local, na tarde da última segunda-feira, teve oportunidade de presenciar “in loco” uma viatura da Câmara da Guarda a despejar mais folhas secas naquele espaço que, à noite, é frequentado por toxicodependentes, acusa este vizinho.

Também a zona envolvente «está cheia de vegetação e de ratos», o que, para este aposentado, é «má vizinhança que ninguém quer ter». Já Vítor Rodrigues, mais novo, conta que esteve na abertura das antigas piscinas na década de 70, e das quais foi um utilizador «assíduo», mas «hoje ao olhar para elas dá-me ódio». O morador reclama a reutilização daquele espaço, «nem que o entreguem a algum clube, como o GDR das Lameirinhas, por exemplo». Outro morador descontente é José Alves, que sente «pena» ao ver as piscinas, que «eram motivo de orgulho» para o bairro, naquele «estado de degradação». «Gastou-se ali tanto dinheiro para quê?», interroga. Mas não é só a situação das antigas piscinas que provocam a revolta da generalidade dos habitantes desta zona da cidade, tanto assim que este residente considera que «ninguém liga importância a este cantinho, que mais parece o rabo da Guarda».

Confrontado com a situação, Joaquim Valente ressalvou tratar-se de um edifício «degradado» que «tem servido para arrumação de alguns monos e resíduos» que saem da Câmara. «De qualquer forma, julgo que a Protecção Civil tem mantido aquele espaço. Se me diz isso é porque algo não está a correr bem e tenho que falar com os responsáveis para me inteirar do que se passa», afirmou. O autarca refere que o espaço «cabe no projecto de valorização do Parque da Cidade e da zona envolvente», numa intervenção «bastante vasta». Sobre as acusações do bairro ser “esquecido” pela edilidade, Valente refuta-as, realçando que «como todos os outros, teve os seus problemas de crescimento um bocado desorganizado. Estamos a tentar fazer essa valorização e também vamos intervir nessa zona, criando maior mobilidade à entrada do bairro», promete. Já Granja de Sousa, coordenador do serviço municipal de Protecção Civil, está «convicto» de que as antigas piscinas vão ser seladas «nos próximos dias». «É ocupado por nós em termos de manutenção e também pelo sector de jardins, que já está a fazer a transferência para a Quinta da Maúnça. Em termos de Protecção Civil, retirámos e transferimos todo o nosso equipamento», adiantou.

Ricardo Cordeiro

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