Ana Manso rejeitou em tribunal qualquer culpa no recebimento de ajudas de custo indevidas após ter sido exonerada da presidência do Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda.
Na primeira sessão do julgamento, realizada na passada quarta-feira no tribunal local, em que é acusada dos crimes de peculato e falsidade informática, a administradora hospitalar declarou que não teve «rigorosamente nada a ver com a forma de processamento dos vencimentos» e que foi ela quem alertou para a situação assim que a detetou, em novembro de 2013. A antiga presidente da ULS está acusada de ter recebido durante onze meses despesas de representação inerentes àquela função, no valor de 1.131,89 euros mensais, quando já não desempenhava o cargo por ter sido demitida pelo então ministro Paulo Macedo. A acusação, a que O INTERIOR teve acesso, refere que a ex-gestora do Hospital da Guarda recebeu indevidamente um total de 6.577,08 euros de ajudas de custo entre 30 de novembro de 2012 e 30 de dezembro de 2013, quando deveria ter auferido 583,80 euros mensais «dadas as funções assumidas a partir de 22 de novembro de 2012, como administradora hospitalar de 1ª Classe». A verba já foi integralmente devolvida em doze prestações mensais descontadas no vencimento de Ana Manso entre dezembro de 2013 e novembro de 2014.
«Em 38 anos de carreira isto nunca me aconteceu», acrescentou a antiga deputada do PSD, rejeitando qualquer ato premeditado com Luís Rebelo, o seu secretário pessoal, também acusado dos mesmos crimes, ou com o serviço de pessoal da ULS. Segundo a arguida, o assunto ficou resolvido quando repôs o dinheiro recebido indevidamente. Por sua vez, Luís Rebelo disse ser «falso» que tenha premeditado algum tipo de conluio para beneficiar Ana Manso: «Nunca foi da minha função mexer nos abonos de pessoal dirigente, nem de pessoal médico», afirmou, admitindo que deve ter havido «algum erro» do serviço. «Tratando-se de um abono fechado manualmente, ainda hoje receberia se a própria não tivesse alertado para a situação», acrescentou.
Os elementos do Conselho de Administração formado por Vasco Lino, Gil Barreiros, Fernanda Maçoas, João Marques e Flora Moura – que sucederam à equipa de Ana Manso – também estão no banco dos réus por abuso de poder porque não instauraram qualquer procedimento disciplinar contra a antecessora, nem informaram a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde do sucedido. Esta entidade só veio a saber do caso através de uma denúncia do médico Henrique Fernandes. O julgamento continua no Tribunal da Guarda, tendo sido anulada a sessão agendada para hoje.