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Álvaro Amaro “descobre” 421 mil euros esquecidos pelo executivo anterior

Verba devida pela comparticipação da construção da Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço estava por reclamar há cinco anos

A Câmara da Guarda esqueceu-se, durante cinco anos, de reclamar do Estado a devolução de 421 mil euros relativos à comparticipação das obras da Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço (BMEL). A revelação surpreendeu tudo e todos na última reunião do executivo, realizada na passada quarta-feira. «Com as dificuldades financeiras deste município, como foi possível estar cinco anos sem receber este dinheiro», exclamou o presidente Álvaro Amaro.

Os vereadores socialistas também tiveram alguma dificuldade em perceber o que se terá passado, tendo Joaquim Carreira perguntado se isso ocorreu devido ao esquecimento de algum técnico. «O dossier estava pronto, mas a técnica ficou a aguardar ordens superiores», respondeu Álvaro Amaro. Por sua vez, José Igreja preferiu ironizar com o caso, dizendo que, «afinal, a herança socialista na Câmara da Guarda não é assim tão má, até dinheiro lhe deixaram». Mas o presidente da autarquia não escondeu a sua incredulidade: «Assim que soubemos que esse dinheiro estava por receber, diligenciámos de imediato para o receber junto do instituto responsável e, ao fim de dois meses, os 421 mil euros entraram nos cofres do município», explicou. De resto, o edil social-democrata considerou que a situação é «pouco abonatória em termos de gestão» para os seus antecessores e admitiu que este dinheiro «caiu do céu» dados os problemas de tesouraria da autarquia.

Álvaro Amaro também acrescentou que a verba foi descoberta porque «vamos escavando os dossiers e as gavetas» nos diferentes serviços. «Atualmente, todas as situações similares estão tratadas, mas nunca se sabe se haverá mais surpresas», declarou aos jornalistas no final da reunião. Inaugurada em 2008, a biblioteca foi construída na Quinta do Alarcão e custou mais de dois milhões de euros, numa empreitada interrompida várias vezes devido à falência dos dois primeiros construtores.

Novo bloco hospitalar em pleno «até ao final de maio»

O dinheiro esquecido nas gavetas da administração pública não foi a única revelação de Álvaro Amaro. O presidente anunciou também que o novo bloco do Hospital Sousa Martins deverá funcionar em pleno até ao final de maio. «Há um compromisso escrito por parte da Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda e da Administração Regional de Saúde (ARS) do Centro de que todos os serviços transferíveis para o novo bloco serão mudados, no limite, até ao final de maio», anunciou. O edil assegurou ainda que a inauguração ocorrerá «depois das eleições europeias», um entendimento também partilhado pelo ministro Paulo Macedo, com quem reuniu antes da Páscoa. Desse encontro saiu igualmente a garantia da tutela de que a portaria da reforma hospitalar «não põe em causa as maternidades, nem significa a perda de especialidades», devendo antes servir para «abrir caminhos» à ULS da Guarda.

Isto porque, para o presidente da Câmara, ninguém pode esquecer que o Centro Hospitalar da Cova da Beira, na Covilhã, tem agregada a Faculdade de Ciências da Saúde, mas sobretudo porque «não é possível haver na Beira Interior três hospitais a dar prejuízo, por isso a Guarda tem que lutar por aquilo a que tem direito». Nesta sessão, Joaquim Carreira felicitou a Câmara por ter suspenso a contratação de um serviço externo de fiscalização das obras municipais e quis saber o nome da empresa que está a fazer a auditoria às contas do município. No primeiro caso, o presidente justificou a suspensão do ajuste direto por custar «cerca de 100 mil euros» e pela entrada em vigor da nova orgânica dos serviços da Câmara. Já a auditoria foi adjudicada, por 22.500 euros, à empresa Marques Cunha, Arlindo Duarte & Associados SROC, Lda que fez anteontem, na Assembleia Municipal, o retrato da situação financeira do município.

Luis Martins Inaugurada em 2008, a biblioteca custou mais de dois milhões de euros, grande parte dos quais comparticipados por fundos comunitários

Comentários dos nossos leitores
barreiros a.barreiros@orange.fr
Comentário:
Há gente muito competente!
 

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