A GNR está a investigar a origem do fogo que deflagrou na semana passada junto à estrada municipal entre o Rochoso e Monte Margarida, no concelho da Guarda.
Ao que tudo indica, o incêndio terá sido provocado durante os trabalhos de limpeza das bermas da via, quando um trabalhador manobrava uma motorroçadora. A obra tinha sido adjudicada pela Câmara da Guarda a uma empresa especializada em janeiro, mas só agora a intervenção estava a decorrer naquela zona. Sobre esta matéria, o presidente do município refere que não comenta «alegadas causas» e vai esperar pela conclusão da investigação. O que faz falar Álvaro Amaro é a falta de coordenação dos meios envolvidos no combate ao sinistro e dessa «apreensão» já deu conta ao comandante distrital de operações e socorro. Numa carta enviada na segunda-feira, a que O INTERIOR teve acesso, o edil guardense garante que o que se passou «é verdadeiramente incompreensível» e, por isso, protesta, «em nome dos presidentes de Junta e de tantos homens e mulheres das várias aldeias, que me manifestaram a sua apreensão pela falta de coordenação no terreno».
Na missiva o autarca estranha ainda que, no primeiro dia, o comando estivesse instalado na Cabreira, «longe» do local onde se teria iniciado o fogo: «Ou o comando chegou tarde e já o fogo estava perto da Cabreira, ou “chegou a horas” e não se entende a sua localização», escreve Álvaro Amaro, que também pede explicações para o facto da Câmara da Guarda não ter sido convidada para um “briefing” realizado no dia 19 em que participaram os autarcas dos concelhos afetados e representantes dos serviços desconcentrados do Estado. A carta foi divulgada na última reunião do executivo, realizada na segunda-feira, onde o presidente aproveitou para elogiar a atuação dos populares e dos bombeiros. «Impressionou-me o notável espírito de cooperação dos habitantes daquelas aldeias. Houve até um homem a quem ardeu o estaleiro da sua empresa porque andava a ajudar a apagar o fogo na Castanheira. Se houvesse melhor coordenação no terreno talvez se tivesse evitado muito daquilo que vi», disse.
Entretanto, na sexta-feira, a Câmara promoveu uma reunião com os autarcas das freguesias afetadas, a GNR, o ICNF e a Segurança Social, a propósito do levantamento dos prejuízos. «Vamos associar-nos às Juntas para reclamar junto do Estado pelas perdas de bens e equipamentos neste fogo. Mas não temos garantias nenhumas de que haja apoios», afirmou o autarca, dizendo que, até agora, nenhuma entidade oficiou à Câmara para que se fizesse o levantamento dos prejuízos. «Espero que haja apoios para as pessoas afetadas, será de elementar justiça, pois não tem que haver tragédia humana para que isso aconteça», reforçou Álvaro Amaro.