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Alternativas da Estradas de Portugal «não são rejeitáveis»

Álvaro Guerreiro considera que a empresa de estradas foi sensível às reivindicações da autarquia e das freguesias do Norte do concelho

O presidente da Câmara da Guarda considera que as alternativas apresentadas pela Estradas de Portugal (EP) para o Alvendre e o acesso à Guarda, no âmbito da construção da futura A25, «não são rejeitáveis à partida». Álvaro Guerreiro disse esta semana que os projectos estão a ser analisados pelos técnicos, a quem cabe agora analisar «detalhadamente» as novas propostas comparando-as com as apresentadas pelos serviços da autarquia. «Nalguma parte há coincidência, noutras não. Estamos à espera de uma conclusão técnica para discutirmos depois a parte financeira que envolve o empreendimento», admitiu o edil.

“O Interior” adiantou na semana passada as características das novas soluções preconizadas pela EP. De acordo com o projecto, a Guarda vai ter uma entrada “de luxo” na futura A25 com base no aproveitamento do IP5 entre a ponte existente à saída da Guarda e o lugar da Rasa (em direcção a Vilar Formoso), bem como entre o actual nó e a recta do Alvendre (para Celorico da Beira). Uma proposta que deixa cair a primeira solução da EP, que previa a deslocação de tráfego do IP5 para a estrada municipal (EM) 577, pelo Alvendre, uma via sem capacidade para o tipo de tráfego previsto.

A Guarda vai ter assim dois acessos à futura A25 separados por menos de cinco quilómetros (nó actual e Arrifana). Mas as novidades não se ficam por aqui. A EP propõe igualmente um perfil de auto-estrada na ligação à cidade, entre a rotunda do Bairro de S. Domingos e a A25. A obra deverá ser da responsabilidade do município, mas com financiamento da Estradas de Portugal. Fica assim salvaguardado o uso local da EM 577, inicialmente escolhida para a ligação da A25 à cidade. A empresa pública que gere as estradas nacionais propõe agora melhorar aquela estrada até à zona da Quinta dos Avelanais e construir uma nova via (em descida) até à curva do Alvendre no IP5. Assim, o trânsito não atravessa a localidade e evita-se construir, em toda a extensão, uma via paralela à A25.

Uma proposta que já agrada a Fernando Gonçalves, presidente da Junta do Alvendre e um dos primeiros contestatários ao projecto inicial, embora não a considere a solução «mais viável». Na sua opinião, a EM 577 «não deve ter mais tráfego» e não poderá ser alargada devido às casas na sua orla. «A melhor opção é uma via paralela à A25», sustenta. Por sua vez, Álvaro Guerreiro destaca o facto destas soluções coincidirem com as opções da autarquia quanto ao acesso e ao «libertar de trânsito nacional» a zona urbana do Alvendre. Neste caso, admite que a solução proposta «não é bem a que defendemos», mas já é um princípio, pois há uma parte urbana que fica «absolutamente livre do trânsito», enquanto parte da EM 577 merecerá uma rectificação. «É uma proposta que estamos a analisar, comparando-a com a dos nossos serviços técnicos, que tinha a ver com a manutenção do actual traçado do IP5 e a construção da auto-estrada ao lado. Diga-se que esta também tem alguns inconvenientes, mas teria outras vantagens», garante o presidente guardense. De resto, Álvaro Guerreiro realça que a EP «não foi insensível» às questões suscitadas pela autarquia e freguesias do Norte do concelho, as mais críticas quanto ao rumo das obras.

«Naturalmente que o tempo que decorreu foi de análise de alternativas e de sugestões por parte da Estradas de Portugal», constata. No caso do acesso à Guarda, os técnicos do EP, depois de terem avaliado as várias possibilidades, concluíram que o aproveitamento de algumas estruturas do actual IP5 permitiria uma melhor solução de ligação da cidade à nova auto-estrada. Para os especialistas, uma auto-estrada não deve ter mais do que um nó de acesso a cada cinco quilómetros. Contudo, este princípio não é aqui considerado, pois a A25 irá manter os acessos do IP5 na Guarda e na Arrifana.

Registe-se que o IP5 vai ficar cortado junto à ponte do Ladrão e o único acesso será o actual nó do Sobral/Porto da Carne com ligação ao Alvendre. Assim, o troço do actual IP5 irá servir as populações, essencialmente, do Vale do Mondego e de Vila Franca das Naves entre o Porto da Carne e a Guarda.

Projecto contestado

O projecto inicial do EP foi muito contestado nos últimos meses. Várias aldeias do Norte do concelho juntaram-se aos protestos do Alvendre contra a possibilidade do tráfego que sair da auto-estrada para a cidade passar pela EM 577. O presidente da Junta de Avelãs de Ambom foi dos mais críticos. Luís Figueiró garantiu que os utilizadores desta via – os habitantes de Avelãs de Ambom, Rocamonde, Vila Franca do Deão ou Avelãs da Ribeira – estão contra o projecto por “não verem com bons olhos” que a estrada que utilizam diariamente “fique sobrecarregada com o trânsito vindo do Vale do Mondego”. Tanto mais que se perspectiva um aumento da circulação de camiões, o que trará maiores consequências numa estrada “estreita, cheia de curvas e onde a Câmara fez um avultado investimento em 1999, mas sem prever um grande volume de trânsito”, refere. Por outro lado, os utentes já estão “a ser prejudicados” com os camiões que ali passam desde o início da obra. “A estrada está a ficar muito danificada e não há nenhuma garantia de que venha a ser reposta tal como estava antes”, receia.

Luis Martins

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