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Alternativas à destruição da ULS

Foi notícia das últimas semanas a possibilidade de serem eliminadas camas de internamento no serviço de Cardiologia da Unidade Local de Saúde da Guarda. Ao mesmo tempo, protestava-se em Seia pela falta de médicos. A justificação para os dois problemas é a mesma e dá pelo nome de «dificuldades financeiras». Ou, como diriam todos os ministros das Finanças dos últimos vinte anos, “não há dinheiro”.

Há soluções para este problema. Por uma questão de simplificação e porque não tenho muito espaço, proponho a escolha entre duas: a solução leninista e a empresarial, ambas com vantagens e inconvenientes.

A solução leninista é frequentemente proposta por Jerónimo de Sousa, como tive a oportunidade de verificar ainda esta semana, em que ele deu uma entrevista em que a repetiu, e resume-se a duas ideias base: não pode haver a obsessão do défice, o que significa que quando falta dinheiro tem de se pedir emprestado; quanto à dívida que já existe, e é sufocante, não é para pagar. É claro que a conjugação destas duas ideias acarreta problemas, nem que seja o de não parecer conveniente pedir-se dinheiro emprestado quando se não pagou uma dívida anterior.

A solução empresarial passa por verificar em que anda a ULS a desperdiçar dinheiro e cortar em tudo aquilo que não seja prestar serviços de saúde. Poderia encontrar-se uma explicação, por exemplo, para o brutal aumento do quadro de pessoal de 2011 para cá, em que continuaram a faltar médicos e enfermeiros mas se contratou pessoal sem qualquer qualificação na área da saúde, com ou sem ligações políticas, às centenas. A solução empresarial passaria claramente por um despedimento coletivo, com a consequente redução na fatura salarial. É claro que haveria custos, políticos e não só, mas a ULS deixaria de ser um albergue partidário e talvez sobrasse dinheiro para aumentar o número de camas na Cardiologia.

Há ainda uma terceira solução, que acabou por ser a escolhida e consiste simplesmente em recuar na decisão e empurrar o problema mais para diante. Oxalá corra tudo bem, que se o despedimento de pessoal desnecessário traz desemprego e problemas sociais, a mutilação de um serviço como o de Cardiologia implicará mortes desnecessárias.

Por: António Ferreira

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