Finalmente parece ter chegado o penúltimo episódio da novela alaranjada, (quase) interminável, de múltiplos episódios repletos de ditos, tricos, mexericos, ódios, contestações, inabilidade e outras coisas mais, recaindo a escolha do candidato à Câmara da capital de Distrito no edil gouveense, mesmo sabendo que tem 3 mandatos efetuados e a Lei da limitação de mandatos refere textualmente “O presidente de câmara só pode ser eleito para 3 mandatos consecutivos”. Independentemente do malabarismo político e a ajuda de certos linguistas, empregando verdadeira trafulhice de linguagem, a Lei refere a função, não existindo nunca a referência “da câmara” onde o realce à instituição é inexistente. Assim sendo, Amaro, poderá não ser candidato à cadeira maior da autarquia guardense, o que implica que o PSD indicará posteriormente um outro, sem este nunca se ter sujeitado ao confronto interno ou ao apoio/contestação pública. Virtualidades da nossa democracia e lindo de se ver.
Álvaro Amaro foi apresentado como um ídolo, tipo Sassá Mutema, protagonista da obra de Lauro César Moniz, “O Salvador da Pátria”, político profissional, exibido na passerelle das vaidades, percebendo-se que tudo isto não passa de fogo-de-vista, de autêntica propaganda de consumo interno a fim de alimentar o ego social-democrata de certos e determinados atores desta vetusta terra. É que quer queiram quer não, Álvaro não é Santana Lopes, nem a Guarda é a Figueira da Foz e em circunstância alguma Amaro é ou será consensual. Para além disso o candidato do PSD, seja Álvaro ou outro qualquer, será sempre visto como a face e a contra face de um partido que teima em apoiar as nefastas e ordinárias políticas deste recauchutado (des)governo.
E do outro lado?
O roseiral também não goza de grande saúde. O PS dividiu-se a meio e o escolhido, José Igreja, tal qual Amaro, não foi, não é e ao que parece não consegue reunir o consenso necessário que lhe permita ter o partido na mão. Igreja tentará fazer algum distanciamento em relação à política seguida pela autarquia, mas isso funcionará sempre a seu desfavor, pois será considerado o candidato do sistema e terá de responder pelo que foi feito e principalmente por aquilo que o não foi e que determina, apenas e tão só, uma cidade esburacada e como obra visível a destruição do quiosque da Ti Jaquina.
Perante este cenário devemos cruzar os braços e aceitar aquilo que os dois maiores partidos ditam? É evidente que não. Vivemos em democracia e este interessante regime determina a busca de soluções e, felizmente, também por cá, a alternativa existe. Numa curta análise percebe-se que os partidos mais à esquerda não são solução (Baltazar Lopes também não), podendo fazer-se, a muito curto prazo, crucial aposta em pessoas e sectores que têm apoio e simpatia na população e ainda contam com dezenas de Juntas de Freguesia do concelho, pese embora a lista a constituir, com estas características, tenha alguma dificuldade de levar por vencida a eleição autárquica na capital de Distrito e os atores possam vir a ser acusados de estarem ressabiados e feridos no seu orgulho militante. No entanto, é de todo possível e aconselhável trocar a camisola dos partidos pela camisola da Guarda e assim demonstrar, quer aos rosáceos do PS, quer aos alaranjados do PSD, que a Guarda é bem mais importante que a partidocracia desses dois que nos têm (des)governado e têm sido os verdadeiros causadores de todos os nossos males. E disso parece não haver qualquer tipo de dúvidas. Se a alternativa existe e pode ser esta, tem pés para andar, porque não avançar?
Por: Albino Bárbara