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Alegado caso de corrupção desportiva em Aguiar da Beira sem evolução

Processo que envolveu o árbitro Ramos Nunes e três dirigentes, há quase um ano, ainda não tem acusação formulada

Passado quase um ano, o alegado caso de corrupção desportiva que envolveu três dirigentes da Associação Desportiva Recreativa e Cultural de Aguiar da Beira (ADRCAB) e o árbitro Ramos Nunes, do Conselho de Arbitragem da Associação de Futebol da Guarda (AFG), não registou qualquer evolução. Fonte próxima do processo, confirmou a “O Interior” que o caso não voltou a ter desenvolvimentos desde que os quatro suspeitos foram interrogados no Tribunal da Guarda, por alegado envolvimento em crimes de corrupção no fenómeno desportivo, em Junho de 2003.

De acordo com a mesma fonte, tudo leva a crer que as investigações da Polícia Judiciária (PJ) prossigam, tal como, aliás, foi dito na altura das detenções para interrogatório. De resto, apenas os telemóveis dos quatro envolvidos foram restituídos aos seus proprietários, após terem requerido a sua devolução. Recorde-se que antes da operação “Apito Dourado”, que na última semana originou a detenção de 16 pessoas para interrogatório, incluindo o conhecido Major Valentim Loureiro, vários árbitros e dirigentes do Gondormar Sport Clube, já o distrito da Guarda tinha sido “pioneiro” com um caso de suspeitas de prática de corrupção desportiva. Em Junho do ano passado, Jorge Morgado, Joaquim Bonifácio e Joaquim Gonçalves, dirigentes da Associação Desportiva de Aguiar da Beira, campeão distrital na época passada e actual último classificado da série C do Nacional da IIIª Divisão, bem como o árbitro de Seia, Ramos Nunes, foram detidos pela Polícia Judiciária, saindo em liberdade depois de ouvidos por Carlos Marques, juiz de instrução criminal da Guarda. Contudo, os suspeitos foram sujeitos ao pagamento de cauções, cabendo o valor mais elevado (5.000 euros) a Joaquim Bonifácio, chefe do departamento de futebol da ADRCAB, Ramos Nunes pagou três mil, enquanto Jorge Morgado e Joaquim Gonçalves, presidente e dirigente da colectividade, foram caucionados em 1.500 euros.

Os três dirigentes foram ainda indiciados pela prática do crime de corrupção activa, enquanto o árbitro senense, que se encontra suspenso, é suspeito do crime de corrupção passiva. Em causa terão estado quatro jogos do Aguiar da Beira apitados por Ramos Nunes, com destaque para a partida da última jornada do distrital. A turma aguiarense sagrou-se campeã distrital após vencer o Sporting do Sabugal com dois golos apontados em posição duvidosa. A investigação vinha sendo efectuada há algum tempo e baseou-se principalmente em escutas telefónicas, tal como constava dos mandados de detenção dos suspeitos. Segundo a lei, pratica o crime de corrupção desportiva aquele que «solicitar ou aceitar, para si ou para terceiros, vantagem patrimonial ou não patrimonial, ou a sua promessa, que não lhe sejam devidas, como contrapartida de acto ou omissão destinados a alterar ou falsear o resultado de uma competição desportiva». Uma conduta punível com uma pena de prisão que pode ir até quatro anos. Apesar destas suspeitas, a Associação Desportiva Recreativa e Cultural de Aguiar da Beira pôde participar no Nacional da IIIª Divisão, embora sem o sucesso desejado. Este alegado caso de corrupção surgiu depois do Ginásio Figueirense, segundo classificado do Distrital, ter avançado com o pedido de impugnação do campeonato, alegando irregularidades na constituição das equipas de arbitragem.

Ricardo Cordeiro

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