Começaram por ser seis freguesias e, dois anos após a sua criação, já são 13. Todas da zona raiana e na linha do rio Côa. No concelho de Almeida, há autarcas que deixaram as divergências para trás, bem como as cores partidárias, para se juntarem num objectivo comum: a criação e gestão de uma frota de viaturas partilhada, capaz de devolver os caminhos rurais às aldeias. Agora, a Associação de Freguesias da Raia e do Côa quer aproveitar esses caminhos para potenciar o turismo, nas vertentes do desporto e natureza.
Com competências idênticas às das Juntas, esta entidade começou por abranger as aldeias de Freineda, Castelo Bom, Nave de Haver, Naves, Mido e S. Pedro do Rio Seco. Todas freguesias onde a agricultura continua a assumir-se como a principal actividade. Em Maio de 2007, foi a primeira do género a surgir no distrito da Guarda e a sexta no país. Passado um ano após a sua criação, juntaram-se as localidades de Porto de Ovelha, Almeida, Malpartida, Junça, Vale de Coelha, Vale da Mula e Aldeia Nova. «Estamos numa zona do interior cada vez mais desertificada e há por isso necessidade de puxarmos pela cabeça para, de forma lógica, conseguirmos fazer muito com pouco dinheiro», explica o presidente desta associação interfreguesias, Miguel Bernardo, também secretário da Junta de Freineda. «Fomos buscar os apoios que são atribuídos a qualquer freguesia pela Câmara e trabalhamos em conjunto», acrescenta, dizendo que as aldeias envolvidas têm os caminhos rurais «praticamente impecáveis».
O jovem dirigente considera que cumprem agora o seu papel, auxiliando os agricultores no acesso às suas propriedades, prevenindo incêndios e garantindo vias mais rápidas para os bombeiros no caso de sinistros. Tudo graças a uma frota de viaturas capaz de ombrear com a de muitas autarquias e difícil de conseguir por parte de uma simples Junta de Freguesia: duas retroescavadoras, dois tractores, um carro ligeiro de passageiros e uma carrinha com depósito acoplado para abastecimento dos equipamentos. E ainda várias alfaias agrícolas, como um rolo hidráulico, uma vassoura e um depósito vaporizador. A associação, sediada em Freineda e com secretaria em Almeida, conseguiu assim ultrapassar os «condicionalismos próprios» na prestação deste tipo de serviços por parte do município, designadamente ao nível de calendário: «Porque somos nós, os autarcas locais, que melhor sabemos o que tem de ser feito e onde», realça Miguel Bernardo, de 37 anos, regressado há 11 de Oeiras para a terra dos pais.
Agora que os caminhos rurais estão recuperados, há a intenção de aproveitá-los para o turismo. A ideia ainda está na cabeça do presidente da associação: «Sendo este um ano de eleições autárquicas e, por isso, de possíveis mudanças, não se pode para já pensar muito no futuro», sublinha o responsável. Mas lá vai adiantando que o que se pretende é acrescentar atracções às muitas potencialidades do rio Côa, à traça medieval de muitas das aldeias e ao património natural, apostando em actividades de desporto ao ar livre, como passeios de BTT e TT ou a cavalo. No fundo, pretende-se estudar as potencialidades da fauna e flora e explorar os caminhos rurais existentes para a criação de várias rotas turísticas.