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«Ainda há muito por fazer» no Património da região

O arqueólogo da Câmara do Sabugal defendeu a sistematização dos achados do Alto Côa

As segundas Jornadas de Património da Beira Interior subordinadas ao tema “Lusitanos e Romanos no Nordeste da Lusitânia”, organizadas pelo Centro de Estudos Ibéricos (CEI) e pela Associação de Desenvolvimento, Estudo e Defesa do Património da Beira Interior (ARA), terminaram na passada sexta-feira. Durante dois dias foram divulgadas as recentes descobertas arqueológicas feitas na região. Para além do debate sobre questões relacionadas com os Lusitanos e a ocupação deste território durante a época romana.

No final das Jornadas, Manuel Sabino Perestrelo, dirigente da ARA, destacou algumas conclusões, como «a necessidade de se investigar mais sobre os Lusitanos», pois é um tema pouco aprofundado, onde «há ainda muito por fazer». Em relação ao período romano, «tem sido dada pouca importância», sugerindo uma «maior aposta» no estudo da Idade do Ferro de que se conhecem «poucos sítios e apenas superficialmente», constata o arqueólogo. Apesar dos vários trabalhos realizados sobre estas civilizações. O problema passa também pela falta de verbas e apoios das entidades «o que faz com que os trabalhos arqueológicos nem sempre sejam terminados», conclui Manuel Perestrelo.

O balanço das Jornadas «é muito positivo», sublinha o dirigente da ARA, «pelos grandes passos» que têm sido dados na Beira Interior e pelas comunicações que «de grande qualidade». Por isso a iniciativa «excedeu as expectativas», porque apesar de ser um tema específico, foram vários os grupos de alunos, arqueólogos, historiadores e investigadores de todo o país que marcaram presença, afiança Manuel Perestrelo. Em cima da mesa ficaram muitas propostas para serem expostas na próxima edição, que ainda não tem data marcada. Enfim, «há um conjunto de locais», como as escavações arqueológicas no Tintinolho, o Castelo dos Mouros, em Cidadelhe ou o Castelo Medieval de Pinhel, «que são trabalhos para continuar», refere. De resto, as comunicações das Jornadas vão ainda ser publicadas, com o apoio do CEI, «que é um importante legado para a arqueologia», constata.

No último dia das Jornadas o arqueólogo da Câmara de Sabugal, Marcos Osório, defendeu a necessidade de organizar os achados arqueológicos da região do Alto Côa, que têm contribuído para o estudo das comunidades do último milénio A.C. na Beira Interior. Na sua intervenção, o responsável referiu-se aos achados e estudos arqueológicos efectuados no concelho do Sabugal, onde existem pelo menos 64 sítios. Marcos Osório realçou ainda que, com o aumento da actividade arqueológica nesta área, em especial com a realização de escavações «no Sabugal Velho, perto de Aldeia Velha, e no Sabugal, recolheram-se novos dados que importava sistematizar e correlacionar».

A iniciativa contou ainda com as intervenções de Jorge de Alarcão, especialista da arqueologia romana em Portugal, Martinho Batista, director do Centro Nacional de Arte Rupestre, e do espanhol Sánchez-Palencia, especialista sobre minas romanas.

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