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Editorial

1. A PLIE – Plataforma de Iniciativa Empresarial da Guarda foi-se transformando a vários níveis numa PLIM de débil iniciativa municipal. Pior, o projeto lançado há 12 anos como aposta estratégica para o futuro da Guarda e com enorme impacto regional, transformou-se vergonhosamente numa ideia adiada ao longo do tempo.

Foi uma excelente ideia de Augusto Mateus para desencravar a Guarda do seu subdesenvolvimento, a que a autarquia deu inicialmente um cunho dinâmico. Posteriormente, porém, acabou por se enredar em várias trapalhadas – da localização e aquisição de terreno longe do cruzamento das duas autoestradas, um erro irreparável, à escolha do programa europeu de financiamento. O projeto devia ter sido agarrado como vital para o futuro da Guarda e todas as energias deviam ter sido canalizadas para a sua implementação imediata. Não houve esse entendimento e perceção por parte da autarquia que canalizou recursos para outros investimentos menos urgentes e muito menos determinantes para o futuro das pessoas, dos trabalhadores e das empresas do concelho. Depois, em 2005 Joaquim Valente chegou à Câmara, com o loteamento em obras, e definitivamente a inércia tomou conta da Iniciativa. Os privados fartaram-se de esperar e afastaram-se do projeto; a Câmara da Guarda, de forma chocante, foi incapaz de dinamizar e promover o empreendimento junto de empresas – em sete anos, dez empresas instaladas em 96 hectares de área empresarial é uma verdadeira lástima e reflete a dinâmica da autarquia.

Passados todos estes anos, finalmente, a Câmara da Guarda enxergou que isto não é para amadores. A gestão, comercialização e promoção devia ter sido entregue há dez anos a uma empresa de consultadoria internacional – cobram caro mas sabem da poda. Até agora, o assunto era tratado domesticamente, entre presidente e vereador, entre adjunto e assessor… boa vontade e completa incapacidade, o resultado está à vista… Assim, espera-se que, com atraso de anos, mas acreditando não ser tarde de mais, seja escolhida e contratada com celeridade a empresa consultora – talvez ainda não seja tarde demais.

2. A apresentação do projeto “Cegonha Negra Golf Resort & SPA” junto dos serviços técnicos da Câmara da Guarda é uma pequena notícia, mas de grande relevância e impacto positivo. Em tempos de crise, em que não há investimentos nem disponibilidade financeira para implementar o que quer que seja, é muito interessante concluir que este ambicioso projeto turístico poderá sair do papel. Convém recordar que o projeto de instalação de um complexo hoteleiro com golf, no vale do Zêzere, numa zona que foi de extração de minério, foi o único PIN (Projeto de Interesse Nacional) que o anterior governo vislumbrou neste interior ostracizado. Ou seja, a ideia e a sua eventual exequibilidade mereceram o destaque e o apoio a todos os níveis do Estado português. Mas se o “simples” facto de ser um projeto de interesse nacional já era per si da maior relevância, a escolha e contratação do arquiteto Frank Gehry foi a cereja em cima do bolo.

Numa região onde tanto se fala de turismo, mas em que não se consegue atrair muitos turistas, haver um equipamento e uma obra arquitetónica de um dos mais emblemáticos e reconhecidos arquitetos do mundo é verdadeiramente notável. Para além do equipamento, a implementação deste projeto será garante de atração de visitantes amantes do trabalho de Gehry, adicionará turistas judeus e será uma referência a nível nacional.

Luis Baptista-Martins

Comentários dos nossos leitores
Augusto. aluizsaraiva@bol.com.br
Comentário:
Muito positivo
 

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