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Águas de Lisboa e Vale do Tejo já trabalha na Guarda

A nova mega concessão de abastecimento de água e saneamento vai servir uma população de 3,7 milhões de pessoas e permitir a eliminação progressiva da disparidade de tarifas existente atualmente entre municípios do litoral e do interior, que chegam a ser o dobro.

Nasceu anteontem a maior empresa da Guarda. Trata-se da Águas de Lisboa e Vale do Tejo com um capital social de mais de 167,8 milhões de euros, uma faturação anual da ordem dos 200 milhões de euros e cerca de 1.200 funcionários. Com sede na cidade mais alta, esta mega concessão de abastecimento de água e saneamento vai servir uma população de 3,7 milhões de pessoas entre a Área Metropolitana de Lisboa e Almeida e da Mêda a Portel, no Alentejo.

José Sardinha, presidente da EPAL, empresa de abastecimento de água na região de Lisboa, é o primeiro presidente do Conselho de Administração (CA), enquanto o autarca da Guarda Álvaro Amaro foi eleito para a presidência da Assembleia-Geral (AG). A eleição dos corpos sociais decorreu terça-feira nas instalações da extinta Águas do Zêzere e Côa, na Guarda, durante uma AG pouco participada pelos autarcas. Do novo CA fazem ainda parte a vice-presidente Maria Águas, as vogais executivos Maria Ventura e Maria Branco, sendo os lugares de vogais não executivos ocupados pelos municípios de Crato, Reguengos de Monsaraz e Entroncamento. Na AG, Álvaro Amaro tem como vice-presidente o edil do Fundão Paulo Fernandes e Ana Pereira como secretária da mesa. O Conselho Fiscal é presidido por Saskia Ferreira Lopes, enquanto para a Comissão de Vencimentos foi eleito o presidente da Câmara de Alcobaça, Paulo Inácio.

A Águas de Lisboa e Vale do Tejo, SA resulta da agregação das empresas Águas do Zêzere e Côa (Beira Interior), Águas do Centro (Castelo Branco), Águas do Oeste (Caldas da Rainha), SIMTEJO (Tejo e Trancão), SANEST (Costa do Estoril), SIMARSUL (Setúbal), Águas do Norte Alentejano (Portalegre), Águas do Centro Alentejo (Évora) no Grupo Águas de Portugal. A nova empresa passa a servir 80 municípios, abrangendo uma população de 3,7 milhões de habitantes, numa área territorial correspondente a 22 por cento do território continental português, sendo a gestão operacional do sistema delegada na EPAL. A sua criação resulta do processo de reorganização das operações do Grupo Águas de Portugal, no âmbito da reestruturação do setor preconizada pelo Governo. O objetivo desta medida é gerar «economias de escala que garantam sustentabilidade económica, social e ambiental dos serviços e assegurar maior equidade territorial e coesão social», diminuindo a disparidade tarifária entre o litoral e o interior.

Além da Águas de Lisboa e Vale do Tejo (ALVT), foram constituídas a Águas do Norte e a Águas do Centro Litoral, sendo que em todas elas a Águas de Portugal é detentora da maioria do capital. No caso, da ALVT a empresa-mãe detém cerca de 80 por cento do capital social. O novo modelo empresarial obedece ao princípio da subsidiariedade, já que a água e o saneamento passam a ter um custo similar no litoral e no interior, sendo eliminada progressivamente a disparidade de tarifas existente atualmente e que chegam a ser o dobro entre municípios destas zonas do país. O Governo estima que será possível reduzir as tarifas, na vertente de água e saneamento em alta, em 13,26 por cento face à evolução tarifária prevista, até 2025, das empresas agora agregadas. O que, na nossa região, se traduzirá numa diminuição de cerca de três euros do preço da água cobrado aos municípios enquanto no litoral haverá uma subida gradual da ordem dos 30 cêntimos/ano. Assim, a partir de 1 julho, os municípios vão pagar 0,56 euros por metro cúbico de água à empresa em vez dos atuais 0,69 euros. No saneamento básico, passa-se de 0,74 euros para 0,56 euros por metro cúbico.

Resta saber quando serão refletidas nas faturas dos consumidores estas reduções. Segundo apurou O INTERIOR, o sistema terá três áreas operacionais (Alentejo, Beiras e Lisboa), dirigidas por um diretor regional. A nova empresa implica ainda que os municípios que não cobram pelo saneamento, caso da Mêda, por exemplo, acabem com a medida.

Luis Martins Álvaro Amaro e Paulo Fernandes (ao lado) foram eleitos para a Assembleia-Geral

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