Pasme-se!
Senhor munícipe, sente-se para não cair! Pode abrir a boca porque, decerto, que essa reacção será impossível de conter face ao espanto que o aumento de 25% (VINTE E CINCO POR CENTO) na factura da água, que a Câmara Municipal da Guarda se propõe fazer, lhe irá certamente causar.
De uma forma fria, diria que até gélida, o vereador responsável pelo respectivo pelouro anunciou na comunicação social um brutal aumento na factura mensal da água.
Mais grave, de uma forma despudorada procurou justificar o injustificável.
A responsabilidade desta situação, ultrapassa-o. É da Câmara no seu todo. Por certo que a implicação de tal aumento na economia familiar do senhor vereador e restantes elementos do executivo camarário não tem qualquer significado, mas o mesmo não acontece em relação à grande maioria das famílias deste concelho. É esta a justiça social de que o PS tanto fala? Atropela-se a justiça social falando em nome dela?
É lícito e desejável que esteja nas intenções do executivo a economia de recursos. Provavelmente, estarão mal definidas as prioridades em termos da escolha das áreas onde se deve economizar. Falando de recursos, e tendo em conta os elevados montantes dos orçamentos apresentados pela Câmara, muita gente se indaga sobre o destino de tanto dinheiro quando as carências do concelho são tantas e as obras tão poucas. É caso para se dizer “tanta parra e tão pouca uva”.
Mais grave ainda, quando o aumento proposto vai incidir sobre dois serviços onde a qualidade da sua prestação deixa tanto a desejar: abastecimento de água e recolha e tratamento de resíduos sólidos! A água potável tem algumas características, para além de outras só comprováveis laboratorialmente, que podem ser verificadas pelo comum do cidadão. Ela tem que ser incolor e inodora. Estes não são, com toda a certeza, adjectivos que qualifiquem a água que é servida ao concelho da Guarda. No que se refere à recolha de resíduos sólidos, é do conhecimento público que ela é feita de forma muito deficiente, mal planeada e com meios técnicos desajustados para tais fins. “A talho de foice” e uma vez que estão presentes questões relativas aos resíduos urbanos, uma referência ao tratamento das águas residuais, matéria na qual tem que ser imputada à autarquia a responsabilidade pelo estado de calamidade pública, de atentado ambiental, em que se encontra o concelho.
É por estes maus serviços que a Câmara Municipal da Guarda quer aumentar o custo mensal da factura da água! A ironia do discurso deve ser guardada para outro tipo de situações, não deve ser usada quando estão em causa serviços tão essenciais como estes. É fundamental conhecer o valor das palavras para que não corramos o risco de as utilizar indevidamente. Quando estão em causa situações de justiça social, devemos ter presente que não há nada pior do que “um bom conselho seguido de um mau exemplo”. Dito por outras palavras, a nossa prática de vida deve ser consentânea com os princípios que defendemos. Caso contrário, resta-nos a perda da credibilidade!
É bem verdade que “o pão do pobre cai sempre com a manteiga para baixo” !
Joaquim Canotilho, CDS/PP Guarda