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Água canalizada chega a Alqueidão e Bogas de Cima

Câmara do Fundão ameaça cortar a água a quem não requerer contador de consumo

As freguesias de Alqueidão e Bogas de Cima, no concelho do Fundão, receberam nos últimos dias uma prenda simbólica para o tempo em que vivemos, mas significativa para aquelas populações. A possibilidade de aceder à água canalizada da rede de abastecimento público concelhia, gerida pela autarquia, foi proporcionada pelo próprio edil, Manuel Frexes, que bebeu o primeiro de muitos copos de água que os locais poderão consumir logo que requeiram o contador.

Apesar de existir água canalizada através de outras captações, ainda há alguns locais do concelho, especialmente nos meios rurais, que não estão ligados à rede pública. Após estas duas sedes de freguesia, restam apenas três anexas: Boxinos (anexa de Bogas de Cima), Casal Álvaro Pires (Souto da Casa) e Quintas da Torre (Vale de Prazeres), onde os trabalhos já estão em curso. «Temos feito um esforço enorme para fazer uma cobertura a 100 por cento do território com água em quantidade e qualidade», informou Manuel Frexes, garantindo que os casos que faltam serão resolvidos «seguramente a breve trecho». No Alqueidão, anexa da Barroca, a água canalizada vai abranger todos os moradores, ficando em falta apenas o saneamento, cujas obras se encontram em fase de conclusão. Já em Bogas de Cima, uma das aldeias onde os trabalhos arrancaram mais tarde, os três sistemas básicos – saneamento, abastecimento de água e tratamento de efluentes – decorreram em simultâneo e já estão concluídos. O presidente sustentou que a Câmara fez um «esforço enorme» para resolver o problema, mas lembrou também os obstáculos encontrados, nomeadamente ao nível dos terrenos: «As pessoas diziam que ofereciam os terrenos, mas quando chegava o momento não era bem assim», disse.

Ainda assim, apesar dos depósitos de água estarem cheios, as torneiras daquelas freguesias só vão jorrar água da rede pública quando os interessados requererem um contador. Até lá, os ramais continuam fechados de forma a evitar que as pessoas consumam água sem o respectivo pagamento, algo que tem vindo a acontecer em vários pontos do concelho. Segundo o autarca fundanense, uma auditoria em curso ao sistema de abastecimento de água, que já abrangeu 400 abastecimentos, está a detectar «muitos» casos de ligações directas sem contador de consumo. Manuel Frexes explica a medida tomada com base em problemas que decorreram nalgumas freguesias, onde colocaram água canalizada e as pessoas não requereram contadores. «Habituaram-se a usá-la de forma gratuita e quando dissemos que era altura de começar a pagar, houve dificuldades em aceitarem», indica. Por isso, Frexes entende que é agora necessário fazer o inverso, ou seja, permitir a captação de água da rede só depois da requisição de um contador na Câmara ou numa entidade local que ficará responsável por esses serviços. Só depois, a autarquia procederá à ligação dos ramais. Entretanto, o corte da água foi a medida «dolorosa» encontrada pelo município para corrigir a falta de pagamento naquelas localidades.

Quanto às situações de isenção de pagamento sem contador, de que beneficiam diversas entidades previstas nos regulamentos, o edil garante que «vão terminar», incluindo as que englobam os serviços da Câmara. Para Frexes, este será o único modo de «fazermos uma gestão adequada e racional» de um recurso que é escasso e não pode ser desperdiçado «como tem sido». As correcções deverão começar no final deste ano, servindo também para a autarquia ter uma noção de quanto consome cada entidade.

Atalaia é a unica localidade sem água canalizada da Covilhã

A localidade da Atalaia, anexa da freguesia do Teixoso, é a única que ainda não está abrangida pela rede pública de abastecimento de água da Covilhã. Ainda assim, esta conta já com uma cobertura da ordem dos 98 por cento, garante Alçada Rosa, administrador-delegado dos Serviços Municipalizados de Águas e Saneamento (SMAS), para quem a população «nunca teve problemas de água até hoje». Trata-se de uma zona com abundância de água, não só porque se situa na serra, mas também porque as pessoas já estão habituadas a captar água das ribeiras e de outros furos. «Nunca houve nenhuma pressão para a canalização e abastecimento de água naquela localidade», informa Alçada Rosa. Todavia, como as ribeiras estão a ficar secas, devido à falta de chuva nos últimos meses, os SMAS estudam agora uma alternativa que passa pela execução de uma captação e pela instalação de um depósito. Para o responsável, esta situação passa também por um «problema cultural», já que as pessoas têm que «se consciencializar para esta necessidade». A Atalaia tem cerca de 200 habitantes.

Rita Lopes

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