A Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço (BMEL) assinalou na quinta-feira os 22 anos da morte do filósofo, poeta e ensaísta Agostinho da Silva (1906-1994) com uma conferência de Maurícia Teles.
A investigadora da cultura e do pensamento português conviveu e desenvolveu projetos com o pensador que nasceu em Barca d’Alva (Figueira de Castelo Rodrigo) e coordena o boletim “Folhas à Solta”, da Associação Agostinho da Silva, da qual é presidente. A oradora revelou que Agostinho da Silva falava de Barca d’Alva como «o lugar que o conduziu para o mundo», adiantando que o pensador teve desde cedo «um entusiamo pelas letras». Mais tarde assumiu-se como professor, «a sua verdadeira vocação», pois era «de professar que Agostinha da Silva gostava», disse Maurícia Teles. «Um homem versátil, capaz de escrever sobre diversos temas», o filósofo defendia que a educação deveria chegar a todos como «uma dádiva para todos». Talvez por isso tenha dedicado parte da sua vida a ensinar os outros. Maurícia Teles recordou que o ensaísta percorria as aldeias com seus cadernos de informação cultural, pequenos livros com diversos temas desenvolvidos por si.
A investigadora lembrou também um episódio da década de 40 do século passado, quando Agostinho da Silva viu toda a sua biblioteca confiscada pela PIDE por escrever sobre liberdade, nomeadamente que «as liberdades essenciais são três: liberdade de cultura, liberdade de organização social e liberdade económica». Aliás, para o filósofo, «a liberdade era a mais importante qualidade do ser humano». Contudo, nessa época ficou sem emprego por causa das suas ideias e acabou por rumar à América. Anos mais tarde estabeleceu-se no Brasil, onde criou o Centro Brasileiro de Estudos Portugueses. Descrito como uma pessoas «extremamente versátil, que aprofundava qualquer tema com a mesma capacidade», Agostinho da Silva passou por vários países «e trabalhou imenso», pois «o saber é a própria vida».