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Aeródromo da Covilhã vai ser a base aérea da FERD

Fundação de Ensino e Resposta a Desastres vai instalar permanentemente no aeródromo aviões anfíbios, helicópteros e planadores

O aeródromo da Covilhã, que o autarca Carlos Pinto pretende transformar num aeroporto internacional, deverá ser transformado numa plataforma internacional para acolher no Verão do próximo ano algumas das valências da Fundação de Ensino e Resposta a Desastres (FERD).

A sede da estrutura, vocacionada para a formação anual em áreas diversas como os incêndios florestais, ajudas de emergência contra a fome, cheias e inundações, fornecimento de água potável e terrorismo, será em Coruche, enquanto que o aeródromo da Covilhã irá albergar os meios aéreos. Ali, ficarão estacionados permanentemente dois aviões anfíbios multimissões, reunindo cada um a capacidade de quatro “Canadair” no combate a incêndios florestais, além de cinco helicópteros pesados multifunções e dois planadores topo de gama para vigilância aérea, revelou ao Diário de Noticias o secretário executivo da FERD, Miguel Antunes. Com esta estrutura, a montar em Coruche e na Covilhã, Portugal fica dotado dos meios aéreos de combate a incêndios necessários para uma resposta imediata. Equipamentos e meios que têm sido pedidos a outros países em casos de grandes catástrofes.

Com esta estrutura, única na Europa e que envolve um investimento na ordem dos 300 milhões de euros, Portugal pode ainda passar a prestar auxílio a outros países europeus e africanos, graças à localização estratégica do aeródromo covilhanense, à possibilidade de expansão e pela existência da licenciatura em Engenharia Aeronáutica na Universidade da Beira Interior. Daí que uma das intenções dos responsáveis pelo projecto seja a de ampliar a pista do aeródromo covilhanense em cerca de 200 metros para que possa servir de base a aviões e helicópteros mais pesados. A ampliação do actual aeródromo é, de resto, uma ideia defendida há muito pelo autarca covilhanense, que pretende transformá-lo num aeroporto internacional para servir toda esta zona do interior do país e fazer a ligação com a Espanha e a Europa. No entanto, e contactado por “O Interior”, o edil covilhanense escusou-se a comentar a instalação da FERD no aeródromo ou sobre as negociações em curso, tendo em conta que os impulsionadores do projecto pretendem formalizar o acordo com a autarquia até ao final do ano, prevendo ainda a criação de mais hangares.

Apesar de desconhecer os parâmetros das negociações, o comandante dos Bombeiros Voluntários da Covilhã, José Flávio, considera a iniciativa «muito boa» na medida em que pode «beneficiar e fortalecer esta zona, dando uma resposta ao minuto em caso de incêndios ou de transportes de sinistrados», entre outros desastres. No entanto, subsistem algumas dúvidas quanto à sua subsistência: «Quem é que vai pagar esta estrutura e os meios?», interroga-se, atirando logo de seguida que «quando a esmola é grande, o pobre desconfia». Até porque «não houve qualquer indicação municipal, desde o presidente da Câmara, o vereador responsável pela protecção civil, João Esgalhado, nem do responsável pelo aeródromo acerca da instalação desta estrutura», diz, adiantando que apenas ouviu falar da FERD através dos órgãos de comunicação social. “O Interior” tentou falar ainda com o vereador João Esgalhado, responsável pela protecção civil, mas apesar das inúmeras tentativas, não foi possível até ao fecho desta edição.

Centro de Treino será instalado em Coruche

A Fundação de Ensino e Resposta a Desastres (FERD) é uma entidade privada sem fins lucrativos e não governamental, pelo que as acções de formação a serem dadas no campo de treino de Coruche serão pagas pelos próprios formandos. É através do pagamento destas acções e da utilização dos equipamentos de socorro e dos pilotos que a FERD irá subsistir. É na sede da FERD, que já se encontra em fase de construção em Coruche, que serão ministrados os cursos dirigidos fundamentalmente a pessoas das áreas de salvamento e socorro de toda Europa, mas também da Ásia e África. O centro de treino, que ocupará mais de 100 mil metros quadrados, irá possuir diversos espaços de ensino nas diversas áreas. Um centro de combate a incêndios, que ocupará 20 mil metros quadrados, uma zona de treino de suporte de vida, um local para a prática de exercícios de desencarceramento e operações pesadas de desobstrução, uma zona de treino de busca e resgate e outra para o manuseamento de aparelhos respiratórios são algumas das valências a serem criadas. Além disso, haverá ainda uma área cinotécnica para treino de equipas homem e cão, locais de túneis e valas para exercícios, um espaço para treino aquático, um complexo desportivo com piscina, pista de atletismo, campos de futebol e de ténis, e ainda um espaço próprio para desportos radicais. Neste centro de treino serão ainda construídos edifícios para albergar salas de aulas, auditórios, dormitórios, zonas de lazer e os serviços administrativos.

Liliana Correia

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