«O que fiz pela Guarda foi por amor e não com o intuito de ser reconhecido». Foi um Adriano Vasco Rodrigues «profundamente emocionado» que, na passada sexta-feira, recebeu a medalha de mérito do Instituto Politécnico da Guarda (IPG) e ainda a medalha de ouro da cidade. O professor e historiador, natural da Guarda, partilhou histórias da sua vida e lembrou os pais e amigos.
«Entendo que as pessoas que me formaram, os meus pais e professores, é que deveriam ser homenageados», afirmou Adriano Vasco Rodrigues na cerimónia que decorreu no IPG, ao recordar que a mãe, professora e enfermeira, «dedicou a sua vida aos outros», bem como o pai, que até «aprendeu a dar injecções para também poder socorrer». «A Guarda representou sempre para mim um ideal de vida e um ideal de solidariedade», referiu o historiador, fazendo alusão aos tempos em que «havia umas cinco ou seis mil pessoas» na cidade, o que fazia com que a população fosse «mais chegada».
O também antigo deputado na Assembleia da República fez ainda referência ao padrinho, o comandante Salvador Nascimento, personalidade ligada à implantação da República na Guarda, a quem disse «dever muito» – e não só por ter nascido na sua casa. «Devo-lhe muito da minha formação de carácter e ideologia política», frisou o homenageado, enaltecendo os seus «ideais de democracia». Adriano Vasco Rodrigues disse ter na cidade «um legado afectivo muito profundo», para além de recordações de «alguns dos momentos mais decisivos» da sua vida, como quando recusou um convite do Secretário de Estado da Educação para dirigir o jornal de campanha, numa altura em que era ainda estudante em Coimbra.
Já na cerimónia de entrega da medalha de ouro, Adriano Vasco Rodrigues lamentou que nem sempre tenha existido colaboração entre as várias instituições da cidade: «Muitas vezes não se deixou desenvolver o que podíamos realizar, pondo acima de tudo o bem-estar do cidadão da Guarda», indicou. Quanto às relações com a autarquia guardense, o historiador – que também foi governador civil da Guarda – disse terem sido «sempre boas», apesar de ter feito «uma crítica muito feroz e acutilante à Câmara a propósito da destruição do Mileu».
O presidente da Câmara referiu, por sua vez, que a homenagem «é um reconhecimento justo e merecido», congratulando-se por todo o trabalho de inventariação e divulgação do património por parte de Adriano Vasco Rodrigues. Já o presidente do IPG, considerou o professor e historiador «um excelente embaixador da cultural deste distrito e da região». Para Jorge Mendes, o homenageado «é um símbolo do guardense devotado à causa da sua terra».
Revista Altitude dedicada ao historiador
O 12º número da terceira série da Revista Altitude, da Assembleia Distrital, foi apresentado na sexta-feira, na Guarda, e é dedicado a Adriano Vasco Rodrigues. A revista ultrapassa as 300 páginas e, para além dos habituais artigos, homenageia aquele que foi o director da revista entre 1980 e 2007, na segunda série. Neste número podem ser lidos artigos regionais, depoimentos acerca da personalidade homenageada, um esboço biográfico e um artigo escrito pelo próprio sobre as memórias de Vilar Formoso. «Os depoimentos que foram feitos cobrem todas as áreas de intervenção do professor [Adriano Vasco Rodrigues]», explica o actual director, Lima Garcia. O responsável considera que se trata de uma «homenagem merecida», que ficará «para a posteridade».