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Admirável Mundo Novo

Utopia

por Pedro Martins (11º A)

Habitamos um país Ocidental inserido no vasto grupo das nações desenvolvidas, categoria sistematicamente avaliada pelos inúmeros institutos de estatística espalhados por toda a União Europeia. Ora, são esses mesmos institutos que, para além de darem azo a fervorosas discussões no parlamento e nos debates televisivos graças aos sempre bonitos e convenientes gráficos que elaboram, constituem um dos grandes flagelos dos governantes portugueses, uma vez que teimam em reservar a Portugal um lugar bem demarcado no fundo de qualquer tabela avaliadora de desenvolvimento e de desempenho. Incapaz de fazer frente a todas as deficiências apontadas em simultâneo, o Governo achou por bem colmatá-las de forma seriada, dando uma prioridade lógica aos sectores da saúde e da educação.

De facto, o analfabetismo residente em Portugal sempre foi e continua a ser um dos factores que mais nos rebaixa e embaraça perante os países europeus, pelo que, a necessidade de se inverter esta situação era evidente. Para tal, apostou-se na criação de novos cursos superiores, incentivou-se a população desempregada a frequentar acções de formação, facultou-se o ensino básico e secundário a todos aqueles que não tiverem oportunidade de o terminar na altura devida. Tudo isto estaria correcto, não fossem as absurdas equivalências que fazem acompanhar estes cursos. Não consigo compreender como é possível resumir todo o ensino secundário em um ou dois anos. Ainda assim, alguém fê-lo.

Foi deste modo, graças a toda uma política de facilidades, que chegámos ao presente estado. Portugal é, actualmente, um país de pessoas formadas desempregadas. Ao contrário do que se poderia prever há meia dúzia de anos atrás, o facto de se ter um diploma não é sinónimo de se ter um emprego, e ter um emprego seguro hoje não invalida o desemprego no dia de amanhã. Por outro lado, chegou-se finalmente à conclusão que nem todos os cursos culminam num emprego, havendo muitos que nem sequer têm uma utilidade concreta. O que penso ser consensual é que a nossa sociedade não está preparada para acolher estes jovens que nunca chegaram a ser empregados, porque simplesmente não conseguem emprego ou porque alguém não está disposto a pagar mão-de-obra tão qualificada para exercer um trabalho tão banal.

Já em 1932, na sociedade utópica de Aldous Huxley, não interessava apenas a criação e formação de Alfas, ainda que estes fossem os mais inteligentes e os mais bem preparados para liderar. Interessava sim atingir uma estratificação que assentasse em diferenças a nível de rendimentos e de responsabilidades. Assim, seria tão prejudicial a perda de um Alfa como a de um Beta ou qualquer outro indivíduo de outra classe.

Concluo frisando o óbvio: todos os bons profissionais terão sucesso. E quando digo bons profissionais não me refiro a Alfas, mas a bons Alfas, bons Betas, bons Gamas.

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