A Adega Cooperativa de Figueira de Castelo Rodrigo comemorou, no último domingo, o seu cinquentenário com pompa e circunstância. A data emblemática foi festejada com diversas homenagens e com o lançamento de mais um vinho, o “Alforcheiro”, que resulta de uma colheita especial e limitada.
À festa não faltou quase ninguém, do presidente da Direcção Regional de Agricultura da Beira Interior (DRABI) ao presidente da Unacobi, passando pelas centenas de associados, «porque 50 anos é uma vida inteira», destaca, com orgulho, José Nunes, vice-presidente da Cooperativa, dizendo tratar-se também de uma data «emblemática» para todos os viticultores da região. A cerimónia ficou ainda marcada pela homenagem a dois ex-funcionários, hoje com quase 90 anos, que acompanharam o início da adega, e ao único trabalhador falecido na instituição. Por outro lado, foi reconhecido o «importante» contributo de personalidades como Orlando Maia e Manuel Alverca para o projecto e foi lançado um vinho para comemorar os 50 anos. Chama-se “Alforcheiro” e inclui «uma casta com determinadas qualidades», adianta o vice-presidente, sublinhando que poderá ser candidato a mais um prémio para a adega. Este novo produto está a ser preparado há três anos e deverá sair numa edição limitada. Trata-se de um vinho tinto, monocasta, aromático e com uma cor bastante carregada.
A cooperativa tem passado «muitas dificuldades» nos últimos anos, «mas vamos conseguido cumprir as nossas obrigações», reconhece José Nunes, responsabilizando o «cada vez menor» consumo de vinho em Portugal. Mas há outras dificuldades. Como as super-produções dos chamados países emergentes que têm feito «muita concorrência» e dificultam a comercialização do vinho nacional. Ou ainda a elevada taxa de IVA, «que é superior à da Coca-Cola», compara o responsável. Para superar estas contrariedades, a adega figueirense está a tentar exportar vinhos para Angola, Holanda, Bélgica, Cabo Verde, entre outros destinos, tendo participado em várias mostras em Tóquio, Miami, Brasil ou Hong Kong, exemplifica. Quanto ao território nacional, aposta-se nas grandes superfícies comerciais, «mas é difícil, pois não temos dinheiro para grandes campanhas publicitárias», lamenta. A Adega Cooperativa de Figueira de Castelo Rodrigo foi fundada em 1956 por 154 sócios, mas conta actualmente com cerca de 1.400 associados, dos quais apenas mil estão no activo.
Anualmente, tem uma produção média de oito milhões de litros de vinho, branco (55 por cento) e tinto (45 por cento). Ainda recentemente foi premiada uma casta síria, regozija-se o vice-presidente, mais uma a somar aos muitos prémios que a adega tem recebido desde a sua fundação. Mas a instituição «não é apenas um posto de recepção de uvas», refere José Nunes, anunciando que a cooperativa vai apostar na protecção e produção integrada, bem como na agricultura biológica. No entanto, para que isto resulte “no terreno”, «há uma notória preocupação com a formação dos técnicos e dos associados», havendo neste momento cerca de 80 sócios a fazer protecção integrada desde 2001, um número que tem vindo a crescer «todos os anos», indica.
Patrícia Correia