Estudos realizados em populações de esquimós, consumidoras regulares de peixes gordos e de sementes oleaginosas, demonstraram nestas populações uma baixa incidência de doenças cardiovasculares. Concluiu-se que este facto era devido principalmente à presença naqueles alimentos de uma grande percentagem de ácidos gordos poliinsaturados, denominados de ómega 3 e 6 considerados ácidos gordos essenciais, que não sendo sintetizados no organismo, têm de ser fornecidos na totalidade pela alimentação.
Da realização de outros estudos, concluiu-se que da ingestão regular e em quantidades moderadas de alimentos ricos nestes ácidos gordos decorriam benefícios importantes para a saúde das populações, directamente dependentes de acções específicas daquelas gorduras no organismo, entre as quais destacamos: acções hipolipemiantes, cardiovasculares, antitrombóticas e endoteliais. Das primeiras, resultam uma diminuição dos níveis de triglicerídeos e o aumento dos níveis do colesterol HDL, “o bom colesterol”; de entre as acções cardiovasculares, referiremos uma melhoria da contractilidade do coração, e uma estabilização da sua actividade eléctrica que vai determinar respectivamente uma redução da pressão arterial, e da actividade anti-arritmíca cardíaca. Quanto às duas ultimas acções, sabe-se que elas estão relacionadas com o aumento de substâncias com propriedades antiinflamatórias, vasodilatadoras e antitrombóticas, acções que reduzem os danos vasculares, evitam a deposição de gordura, e a formação de coágulos e da placa de ateroma, responsáveis pelo aparecimento das doenças cardiovasculares. Os estudos são conclusivos e os números fazem-nos pensar, pois demonstraram que o aumento do consumo de ácidos gordos ricos em ómega 3 e 6, leva a uma diminuição da mortalidade total em 19%, uma redução de morte súbita em 29%, e a uma diminuição de enfarte agudo do miocárdio em 26%. Existe pois um consenso para estimular o consumo destes ácidos gordos, que para além destas acções, actuam também a nível da pele e no sistema imunitário, protegendo-nos de infecções e agressões exteriores. Actualmente encontramos no mercado, uma grande variedade de produtos alimentares enriquecidos com ácidos gordos ricos em ómega 3, dos quais destacamos alguns leites e ovos. É no entanto nos peixes de água fria, como o atum, o bacalhau, a cavala, a anchova, o arenque, o salmão e a sardinha, e nos mariscos, que eles existem em maiores quantidades.
Como alimentos fonte de ácidos gordos ricos em ómega 6, destacamos as sementes oleaginosas, e os óleos de milho, girassol, algodão, amendoim e soja.
Pensa-se, que a ingestão de 1,5 a 3 gramas/dia, trará benefícios para a saúde do coração dos indivíduos saudáveis, dos que apresentam factores de risco cardiovascular, e mesmo dos que já têm doença cardiovascular.
O nosso conselho de hoje, vai para a necessidade de aumentar a ingestão de alimentos ricos em ácidos gordos ómega 3 e 6, pelo que recomendamos o consumo de peixe pelo menos duas vezes na semana. O peixe é uma fonte de “boa” gordura, e também uma boa fonte de proteína animal.
Coma saudável, melhore o seu coração!!!!
Por: Telma Valente