O espólio arqueológico descoberto na região do Baixo Sabor, cronologicamente situado entre o Paleolítico Inferior e a Idade do Ferro, vai ficar à guarda do Museu do Côa (MC), anunciou anteontem o diretor do parque arqueológico e do MC.
«É um conjunto de peças arqueológicas importante, em particular a chamada arte móvel rupestre, e os artefactos da Idade do Ferro que se traduzem num dos mais representativos conjuntos arqueológicos do género existente na Península Ibérica», declara António Martinho Batista. As peças, consideradas pelos arqueólogos como «únicas», foram recolhidas durante as escavações levadas a efeito nos últimos anos em sítios como a ribeira do Medal, no concelho de Mogadouro, e no castro do Castelinho, no município de Torre de Moncorvo, em consequência da construção da barragem do Baixo Sabor. Segundo o também arqueólogo, ficou decidido, em reuniões tidas com diversas entidades, que este espólio ficaria à guarda MC, enquanto se equaciona a construção de museus regionais nos concelhos do Baixo Sabor (Torre de Moncorvo, Alfandega da Fé, Mogadouro e Macedo de Cavaleiros), todos concelhos do distrito de Bragança.
«Estas serão decisões a tomar num futuro próximo. No entanto, o MC já tinha algumas áreas pensadas a contar a recolha de espólio arqueológico que tenha a ver com arte pré-histórica», acrescentou Martinho Batista. Todo o espólio oriundo do Baixo Sabor, apesar de estar à guarda da unidade museológica do Côa, está disponível para os investigadores que o pretendam estudar, tendo «prioridade científica» quem fez as escavações no Baixo Sabor. No total estima-se que estejam à guarda do MC mais de duas mil peças que foram sendo recolhidas por empresas ao serviço da EDP, no âmbito do Programa de Salvaguarda do Património iniciado em 2008. Segundo os especialistas, no decurso dos trabalhos prospeção arqueológica, todas as expectativas «foram ultrapassadas» na região do Vale do sabor.