«Enquanto eu for presidente do Conselho de Administração da Empresa Municipal não haverá qualquer tipo de parceria com a Associação Cultural da Beira Interior [ACBI] e com o professor Luís Cipriano». A garantia é de Rui Ventura, também vice-presidente da autarquia pinhelense, que também revela que não aceitará qualquer tipo de entendimento ou trabalho conjunto com a ACBI no futuro.
Depois de Luís Cipriano ter ameaçado com o tribunal para impedir a Câmara de Pinhel de utilizar a marca “Zéthoven”, que entretanto foi registada pela Falcão EM, e perante a dimensão da polémica que o diferendo provocou, aquele responsável não se fica: «Nós não precisamos daquele nome para desenvolvermos o bom trabalho que estamos a realizar na Academia de Música e, por isso, para acabar com esta “macacada” de uma vez por todas, vou propor “entregar” a marca “Zéthoven”». Após sete anos de parceria, as principais entidades de Pinhel e a ACBI parecem estar de costas voltadas. A gota de água foi o registo da marca – já patenteada na Inspecção-Geral das Actividades pela associação covilhanense em 1999 – por parte da Falcão EM em Dezembro do ano passado no Instituto Nacional de Propriedade Industrial. As partes ainda reuniram há cerca de três semanas, seguindo-se um fax da ACBI em que terá mostrado abertura para a continuidade do projecto musical em parceria, mas com a condição do registo feito pela Falcão EM ser anulado.
O “braço-de-ferro” manteve-se e, sem qualquer resposta, a ACBI anunciou esta semana a intenção de levar mesmo o caso a tribunal. Não sem antes fazer uma pequena “maldade”, já que assumiu, em comunicado, ser detentora das marcas “Empresa Municipal Falcão, Cultura e Tempos Livres”, “Pinhelíadas” e do concurso de fotografia “Objectiva de Pinhel”. E revelou que o seu registo será anulado «caso a marca “Zéthoven” seja devolvida de forma voluntária», lê-se na missiva enviada às redacções. Confrontado por O INTERIOR, Luís Cipriano alega que «muitas vezes, infelizmente, têm que se usar as mesmas armas para os senhores políticos perceberem as coisas». Contudo, neste caso, o maestro esclarece que se trata de uma «situação completamente diferente, porque essas marcas foram agora registadas pela primeira vez. Nada impede que, independentemente de serem usadas, elas tenham sido criadas por alguém», adianta.
Quanto ao projecto “Zéthoven”, «é uma marca registada em 1999, já com seis CD’s editados e devidamente registados na Sociedade Portuguesa de Autores, sobre isso não há dúvidas nenhumas», reitera. Por sua vez, Rui Ventura alega que na referida reunião Luís Cipriano lhe terá dito que «voltaria à Câmara na semana seguinte para conversar sobre isto, e o que fez foi enviar um fax», critica. Sobre os registos feitos pela ACBI, o presidente do CA da Falcão, EM, lembra que «a empresa municipal tem uma estrutura a funcionar e não tem nada a ver com a ACBI, penso que o concurso de fotografia também não tem nada a ver com a ACBI, nunca houve nenhum tipo de parceria». Já relativamente às “Pinhelíadas”, o vice-presidente da autarquia é peremptório: «Penso que a ACBI não tem nada a ver com desporto», declara.
Defendendo que «os actos de má fé ficam com quem os faz», Rui Ventura diz não estar «minimamente preocupado» com o registo daquelas três marcas. «Não faço episódios na comunicação social, nós iremos agir de uma outra forma», avisa sem adiantar pormenores. Mas lamenta «que ainda não tenham [ACBI] partido para a via judicial e andem a discutir isto na imprensa a toda a hora», acrescenta. Revelando que proporá à Câmara de Pinhel e ao CA da empresa municipal a «“entrega”» da marca “Zéthoven” à ACBI, Rui Ventura sublinha que «quem pretende negócio é que precisa deste nome», até porque, diz, «não funciono da forma como o professor Cipriano funciona, que é ligar para os professores e enviar-lhes cartas para os intimidar», denuncia. «Por mim, o projecto “Zéthoven” passará para a ACBI, que terá que pagar os registos que nós fizemos», exige.
Rafael Mangana