Com as mesmas linhas orientadora do Orçamento de 2017, Manteigas tem para este ano um plano orçamental de mais de 6,6 milhões de euros. Considerado pelo presidente da Câmara, um Orçamento de «continuidade e limitativo», o documento previsional não convenceu totalmente os três vereadores da oposição – dois do PSD e um independente –, que optaram por se abster e assim viabilizar a proposta da maioria relativa dos socialistas.
Segundo Esmeraldo Carvalhinho, este orçamento é «marcado pelo cumprimento de opções do mandato anterior» e retoma também algumas ideias do seu último mandato (2009-13), fazendo «um esforço para valorizar o concelho». Assim é com a finalização do projeto da antiga Fábrica do Rio, agora Centro de Energia Viva de Montanha, o arranjo de percursos pedestres, o Jardim Botânico, bem como a requalificação da Praça Central da vila que «tem estado parada, queremos torná-la mais central e mais atrativa». O autarca adianta que em 2018 «não é ainda possível colocar no plano de atividades as propostas eleitorais do PS», mas este orçamento é «transversal a todos os partidos», pois inclui projetos já iniciados no anterior mandato, liderado por José Manuel Biscaia, vereador social-democrata agora na oposição, mas também as sugestões de Francisco Elvas, vereador independente.
Reforçando que se trata de um plano de «continuidade e inclusão», Esmeraldo Carvalhinho diz «não entender a abstenção das duas forças», acrescentando que «80 por cento das propostas do vereador independente foram incluídas e no caso PSD as propostas já lá estavam». E esse parece ser exatamente o motivo pelo qual José Manuel Biscaia não votou favoravelmente, pois considera que «só cinco projetos, os escolhidos no âmbito do Orçamento Participativo, são diferentes de 2017». O histórico social-democrata recorda que em 2018 e 2019 vão abrir cinco novos hotéis no concelho, mas que «não há neste Orçamento referências a esta mudança, de Manteigas deixar de ser um local de passagem para ser um destino turístico».
Na sua opinião, este era o momento da autarquia «virar todo o seu entusiasmo e estratégia para o turismo», considerando por isso que falta «estratégia e inovação» no documento apresentado. Embora acuse o atual presidente de «falta de imaginação e de não arriscar», este orçamento de 2018 parece deixar o ex-presidente da Câmara de «consciência tranquila em relação ao passado», pois constata que «há continuidade e afinal não era preciso mudança».
Também Francisco Elvas aponta que este orçamento «reflete em 95 por cento a continuidade» do mandato de José Manuel Biscaia, acrescentando que além das propostas eleitas no Orçamento Participativo, as «novidades são questões alteradas pela nossa pressão e que não têm custos». Como se trata do início do mandato, o independente assume que preferiu «deixar passar o Orçamento e ver o que será possível levar para a frente e ao mesmo tempo deixar fechar um capítulo». No entanto, alerta que falta «estratégia para traçar um novo caminho, pois não vai ao encontro do que Manteigas mais necessita». E uma das «lacunas» apontadas por Francisco Elvas é a aposta no turismo. O Plano e Orçamento para 2018 foi entretanto aprovado, por maioria, na Assembleia Municipal da passada sexta-feira.
Ana Eugénia Inácio