Desde 1944 que o Abrigo Infantil da Sagrada Família funcionava na zona da Guarda-Gare, num espaço arrendado. Durante mais de meio século as instalações foram-se degradando e há muito que crianças e educadores sonhavam com um espaço novo. Sábado passado, finalmente, concretizou-se uma velha aspiração: a inauguração do novo Abrigo. As novas instalações na Rua da Treija (Sequeira) custaram, aproximadamente, «dois milhões de euros», segundo expicou a “O Interior” a Irmã Maria de Jesus, coordenadora geral da Liga dos Servos de Jesus e responsável pelo Abrigo Infantil. O dinheiro veio exclusivamente de benfeitores e amigos do Instituto de S. Miguel, naquela que foi uma verdadeira onda de generosidade ao longo dos últimos anos.
O edifício vai funcionar com três valência distintas. Servirá simultaneamente de creche, que será frequentada por 101 crianças, de jardim-de-infância para 125, e de ATL, que irá receber 130. O arquitecto João Rafael concebeu o Abrigo, de forma a criar uma «separação funcional das três zonas», havendo, no entanto, espaços comuns, como um salão para actividades, cozinha e secretaria. De resto, cada uma das valências conta com refeitórios e salas próprias. «Foi gratificante trabalhar com estas pessoas, que procuraram edificar esta obra a troco de nada», garante o arquitecto, acrescentando ainda, que no projecto procurou dar «um toque de modernidade à fachada do edifício».
Esta nova casa vai trazer um novo fôlego à Instituição, mesmo em termos financeiros. Isto porque, no espaço antigo, a Segurança Social não comparticipava a totalidade das crianças acolhidas. «Nós compreendíamos a situação», assegura a Irmã Maria de Jesus, já que «só poderíamos fazer acordo para mais crianças se lhes pudéssemos dar condições, mas isso não era possível». Das 70 crianças que frequentavam a creche, apenas 50 eram apoiadas pela Segurança Social. No jardim-de-infância existiam 80, mas apenas 75 eram apoiadas. «Agora fizemos um esforço grande para construir um edifício que desse resposta a todas as exigências», garante a Irmã. «Por isso, acreditamos que possamos conseguir o apoio da Segurança Social de acordo com a capacidade que este novo edifício pode albergar». A coordenadora garante, inclusivamente, que já entrou «em contacto com o director» da Delegação Regional nesse sentido. «Agora é esperar para ver», conclui. As expectativas são grandes e a lista de espera de crianças que pretendem ingressar no Abrigo tem aumentado largamente nos últimos meses. No entanto, a Irmã Maria de Jesus confessa que ainda há muito para fazer. «Precisamos de muita coisa, material para as crianças, mesas, cadeiras, brinquedos». A primeira fase do sonho está materializada. O resto virá depois.
