A Gartêxtil, inactiva desde Maio de 2002, só deverá reabrir quando a Carveste garantir um lote de grandes clientes que assegure uma carteira «consistente» de encomendas à empresa da Guarda-Gare, soube “O Interior” junto de fonte conhecedora do processo. Uma tarefa que tem ocupado nos últimos meses o administrador da sociedade de confecções de Caria (Belmonte), Francisco Cabral, que tem vindo a contactar algumas multinacionais e os maiores clientes do mercado português para salvaguardar contratos para o grupo, nomeadamente para a próxima estação de Inverno. Até lá, o empresário terá ainda que apresentar um plano de negócios no IAPMEI e na Caixa Geral de Depósitos (CGD), principal credor, para fundamentar a sua proposta de viabilização da Gartêxtil junto daquelas instâncias financeiras. Posta de parte parece estar, ao que tudo indica, a laboração da fábrica guardense até ao final do ano, uma vez que haverá poucas possibilidades de produzir para a época Primavera-Verão, só podendo por isso ser considerada a estação Outono-Inverno. Já no campo financeiro tudo aparenta estar a correr melhor, uma vez que Francisco Cabral, único interessado na Gartêxtil, e o gabinete de Economia e Soluções da CGD terão acordado os termos de um empréstimo com três tipos de taxas. O objectivo é evitar sobrecarregar nesta fase a retoma da empresa, que disporá de taxas a zero por cento, indexadas à Lisbor e semelhantes às praticadas no mercado. Para além destas condições vantajosas, a Carveste, sujeita a um plano de gestão controlada durante ano e meio, terá que garantir, por outro lado, um apoio no âmbito do Plano Integrado da Beira Interior (PIBI). Na última sexta-feira, durante mais um plenário de trabalhadores, o Sindicato dos Trabalhadores do Sector Têxtil da Beira Alta (STBA) admitiu existirem contactos com vista à reabertura da fábrica, que possui cerca de 200 operários, designadamente com o antigo proprietário, Francisco Cabral, que não foi possível contactar até à hora do fecho desta edição.
Um cenário que lamentou, recordando que as negociações com outros dois interessados não chegaram a bom termo «porque parece que há alguém interessado que esta empresa volte para o mesmo dono», acusou. Este plenário serviu ainda para transmitir os resultados «satisfatórios» conseguidos com a “marcha lenta” realizada pelos trabalhadores no IP5, entre a Guarda e Vilar Formoso, em Setembro último. Na altura, o STBA foi contactado pela Caixa Geral de Depósitos, que transmitiu que «da sua parte não haverá qualquer inviabilidade a um possível negócio», adiantou Carlos João. No entanto, o dirigente sindical reconheceu como «provável» que, em caso de reabertura, a Gartêxtil não venha a absorver todos os trabalhadores, «porque, neste momento, todas as empresas estão a reduzir a mão-de-obra». Neste contexto, espera que quem vier gerir a Gartêxtil assuma «as responsabilidades de quem se for embora». De resto, o último plenário ficou marcado por um pequeno incidente já que os trabalhadores se depararam com os portões fechados a cadeado, tendo então recorrido a uma pequena entrada lateral para entrarem na empresa. Carlos João estranhou a situação, «porque o sindicato é neste momento a entidade responsável e que detém a chave da empresa», recordou. «A Gartextil é uma empresa que neste momento não é de ninguém, de tal forma que ainda na semana passada o sindicato e o seu presidente foram notificados por causa de uma carrinha que está penhorada, o que significa que o tribunal reconhece que quem responde neste momento pela empresa é o sindicato», revelou o sindicalista. Os trabalhadores voltam a reunir dia 19 em plenário para o qual é esperada a presença de Carvalho da Silva, coordenador da CGTP.