Arquivo

A vez do teatro

Algumas das melhores companhias portuguesas estão este mês em cena na Guarda por ocasião do tradicional festival de teatro

“Acto Seguinte” é a nova designação do Festival de Teatro da Guarda, que começa esta noite e se demora até ao final de Setembro no TMG. A Comuna, o Teatro da Garagem ou o Teatro Nacional de S. João são alguns dos protagonistas desta nova página de uma das propostas culturais mais antigas e bem sucedidas da cidade. Mas há também os Artistas Unidos/Tá Safo Teatro, a Academia Contemporânea do Espectáculo – Teatro do Bolhão, o Teatro Bruto, o Aquilo Teatro e os espanhóis Yllana. O outro é o próprio complexo cultural da Guarda, que vai respirar teatro da sala de ensaios aos pequeno e grande auditórios, sem esquecer o café-concerto.

Tudo começa esta noite com uma curiosa adaptação de “Anfitrião”, de António José da Silva (O Judeu), para teatro de papel. Esta versão numa escala miniaturizada intitula-se “Teatro de Papel/Anfitrião” e resulta de uma parceria entre o Teatro Nacional de São Carlos e o Teatro de Formas Animadas (Vila do Conde), dirigido por Marcelo Lafontana. As peripécias de Júpiter e Alcmena são conduzidas no interior de uma maqueta do Teatro Nacional São João a partir de um cruzamento das técnicas de ilustração gráfica, do teatro de marionetas e do contador de histórias. Cenário, actores e outros elementos cénicos são inteiramente desenhadas, coloridas e recortadas em cartão, numa criação, encenação e interpretação de Marcelo Lafontana, Victor Madureira e Andreia Gomes. O resultado está em cena hoje e amanhã na sala de ensaios do TMG. No sábado, no grande auditório, a programação reserva-nos uma metáfora terna e desesperada da precaridade do mundo do espectáculo. “Music Hall”, de Jean-Luc Lagarce, questiona o que está em jogo no teatro contemporâneo ao contar a vida de artistas confrontados com as lógicas económicas de exploração das salas e com o desinteresse do público. Trata-se de uma co-produção dos Artistas Unidos e Tá Safo Teatro, que estreou em Julho passado no Festival de Almada. A encenação é de François Berreur e a interpretação de Américo Silva, António Simão e Pedro Carraça.

Estas são as primeiras propostas do “Acto Seguinte”, que o TMG vai passar a organizar regularmente. Até ao final do mês, o encontro está marcado na Guarda com algumas das melhores companhias de teatro do país para ver produções diversificadas e de qualidade. Os actos seguintes serão da responsabilidade do Teatro da Garagem, com a “A Vida Continua” (dia 9), da Comuna e “A Cabra ou Quem é Sílvia?” (dia 10) ou da Companhia Contemporânea do Espectáculo – Teatro do Bolhão, com o clássico “Quem Tem Medo de Virgínia Woolf?” (17). Subirão ainda ao palco os hilariantes Yllana (24), o Aquilo Teatro e o Teatro Bruto. Mas o festival não decorre apenas no palco, já que na próxima quinta-feira tem lugar um debate sobre o teatro na Beira Interior. Os intervenientes são Américo Rodrigues, Fernando Marques, Fernando Sena, António Godinho, Fernando Paulouro das Neves, Luís Nogueira e Rui Sena.

Luis Martins

Sobre o autor

Leave a Reply