A propósito do décimo oitavo aniversário da UBI o semanário O Interior deu grande destaque ao “coração guardense da UBI”, significando com isso o papel relevante que naturais guardenses desempenham actualmente na UBI. O reitor, dois vice-reitores, dois pro-reitores, e mais professores do quadro da UBI são naturais do distrito da Guarda. É de registar com satisfação o destaque que o jornal dá a esse facto. A Guarda foi durante muito tempo, de algum modo, a capital intelectual da região hoje designada por Beira Interior. Tinha um excelente liceu, uma boa escola de magistério primário, e ainda o Seminário Maior, única instituição onde era ministrado ensino de nível superior. É normal, e mesmo conveniente, que daí advenham os principais protagonistas de hoje na UBI.
Esse registo deve, aliás, seguir-se a um outro, a saber, o papel determinante que outros naturais do distrito da Guarda tiveram na UBI, a dedicação e o esforço que deram à UBI, nomeadamente o primeiro reitor Cândido Passos Morgado, natural de os Trinta, e os Professores Pinto Peixoto e Ribeiro Gomes, também naturais de aldeias do distrito da Guarda, respectivamente Miuzela e Vela. Foram verdadeiras eminências no lançamento e desenvolvimento da jovem universidade. Pode dizer-se que a UBI na Covilhã acolheu a inteligência e a boa vontade que a Guarda gerou.
Ironia do destino que a universidade criada na região tivesse surgido na Covilhã, cidade industrial, sem tantas tradições escolares? Não necessariamente. A Covilhã sempre esteve muito próxima da Guarda, mais do que Castelo Branco, e, por outro lado, Guarda e Covilhã, não podem e não devem ser vistas como cidades antagonistas, mas como parceiras de uma mesma região. A UBI está na Covilhã, mas não é, e não pode ser da Covilhã. Está na região, mas não é da região. Tem de ser, enquanto universidade, universal, e, felizmente, conseguiu-o sê-lo de facto, até pela necessidade de contratar professores do Brasil, à Rússia, da Polónia ao Iraque, passando pela Alemanha e pela Inglaterra.
É circunstancial, e talvez irrepetível, a influência que naturais do distrito da Guarda têm na UBI. Daqui amanhã o Reitor pode provir de uma outra zona do país, ou mesmo do estrangeiro. Mas que a Guarda tenha criado um escol intelectual para hoje dirigir a UBI, isso só honra a cidade mais alta.
Urbi@Orbi
Por: António Fidalgo