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«A sociedade PLIE está morta»

Empresários da Guarda estão disponíveis para substituir accionistas que não subscrevem o aumento de capital social

A sociedade Plataforma Logística de Iniciativa Empresarial (PLIE) está «morta». A certidão de óbito foi passada por alguns dos empresários presentes, na última sexta-feira, num debate promovido pelo NERGA – Associação Empresarial da Região da Guarda, que, apesar disso, consideram que o projecto continua a ter futuro e manifestaram vontade de entrar no capital social.

«Chame os sócios da sociedade e confronte-os se querem continuar ou não. Se não querem, que deixem outros avançar com a Câmara», desafiou Jorge Leão, dirigindo-se a Joaquim Valente. O empresário anunciou a seguir que há quatro empresas da Guarda interessadas em subscrever o aumento de capital da PLIE que a maioria dos accionistas não vai acompanhar. «É preciso é que nos deixem fazer parte deste projecto, porque garanto-lhe que, com gente da Guarda, ele irá para a frente», disse. Esta disponibilidade caiu que nem ginjas numa iniciativa destinada, sobretudo, a falar do futuro da plataforma logística. Contudo, nada de novo saiu deste jantar-debate sobre um projecto que já leva nove anos de atrasos. «Vamos esquecer o passado, que todos conhecemos», pediu Pedro Tavares, presidente do NERGA, para quem a PLIE «peca por ser pequena», pelo que será necessário aumentá-la a breve trecho.

Joaquim Valente falou a seguir, para dizer que «há, agora, condições para operacionalizar» o empreendimento. Isto é, «estruturar lotes e vendê-los», mas falta a publicação do Regulamento Municipal de Atribuição de Lotes para Instalação de Actividades Económicas em “Diário da República”. O autarca, e também presidente do Conselho de Administração da sociedade, desafiou depois os empresários e os guardenses a acreditar no projecto, pedindo-lhes que «não metam as mãos nos bolsos à espera que ele se concretize». O segundo orador da noite foi João Prata. Sem contemplações, o presidente da Junta de São Miguel – também líder da concelhia do PSD – recordou as empresas que saíram da cidade por «não lhes terem sido dadas condições de continuarem por cá» e criticou o «discurso de catequese» do presidente do município: «Há muito que se fala na localização geoestratégica da Guarda, mas o que temos ganho com isso?», perguntou.

João Prata chamou ainda a atenção para a necessidade urgente de um parque TIR na cidade, ao que Pedro Tavares respondeu estarem garantidos 70 lugares para camiões no projecto de requalificação do parque industrial. Contudo, o dirigente do NERGA admitiu que a PLIE já podia ser utilizada para esse efeito. Acossado, Joaquim Valente acusou João Prata de aproveitamento político e garantiu que «há vida para lá da PLIE». No entanto, Constantino Rei, professor de Economia e vice-presidente do IPG, insistiu na falência do projecto e perguntou pelo «plano B». O edil respondeu que tudo vai depender do sucesso do programa “Portugal Logístico”: «Quanto maior for o investimento e mais atractivos forem os nossos portos, podem ter a certeza que Portugal pode ser uma grande plataforma da Europa», augurou.

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