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A revolta de Pinto

Na tomada de posse, não faltaram críticas às medidas governamentais e às estruturas regionais do Estado

Um verdadeiro “mar de gente” invadiu na semana passada o salão nobre da Câmara da Covilhã para assistir à tomada de posse dos novos órgãos autárquicos, com destaque para a reeleição, com maioria absoluta, de Carlos Pinto para um terceiro mandato consecutivo.

Entre desconhecidos e figuras ilustres, como Pedro Roseta (ex-ministro da Cultura no Governo de Durão Barroso), Carlos Pinto passou grande parte do seu discurso a criticar as medidas do Governo, precisamente a «diminuição e retirada de recursos às autarquias» e a suspensão de contratos-programas com o município, «assinados pelo anterior Governo no valor de um milhão de euros para a construção da nova piscina junto ao Jardim do Lago e do Parque de Feiras do Tortosendo», exemplificou. Mas houve mais casos para qualificar a «duplicidade» da actuação governamental: «Enquanto anuncia cortes nas autarquias, dá centenas de milhões de euros à Carris e aos Metros de Lisboa e Porto para cobrir os seus prejuízos», ou anuncia a construção de um novo aeroporto e do TGV. Investimentos que, no seu entender, apenas «servem os desígnios de Espanha», uma vez que «não têm justificação no quadro do nosso desenvolvimento regional». Enquanto isso, acrescentou, o Governo continua a «discriminar claramente as cidades e o interior».

Descontente com o rumo do país, Carlos Pinto apontou ainda o dedo às «estruturas desconcentradas regionais» que «não passam de lugares para o exercício do caciquismo partidário de burocratas». Exemplo disso é a DRABI, que «não tem intervenção relevante no sector», pois a floresta continua a arder e a agricultura a empobrecer. «Apenas serve para dar emprego às vaidades dirigistas de servidores partidários», acusou, acrescentando que «o mesmo se pode dizer» das estruturas de emprego e formação profissional. «Estes são exemplos de obstáculos que explicam por que razão o país se atrasa, as regiões definham ou não evoluem como deviam», considerou.

As promessas

Apesar das poucas verbas do Orçamento de Estado para o concelho, Carlos Pinto assegurou que, nos próximos quatro anos, a Covilhã «vai dar um enorme salto» no seu desenvolvimento. Para isso, revela como primeira prioridade do seu mandato a criação de emprego e de empresas, através da expansão do Parque Industrial do Tortosendo e da construção da zona industrial do Terlamonte/Teixoso. Para captar mais investidores, Carlos Pinto aposta na oferta de parques de qualidade e na criação de uma rede de serviços de apoio complementares às empresas. O turismo cultural e de montanha também merecerá relevo neste mandato, com o lançamento da segunda fase do aldeamento das Penhas da Saúde, a inauguração, em 2007, das Termas de Unhais da Serra, a construção da unidade hoteleira do Sanatório e do Museu da Covilhã na zona do Castelo. O autarca espera ainda ver aprovada a criação do casino da Covilhã, «inexplicavelmente na gaveta do primeiro-ministro». Entre as diversas obras que Carlos Pinto pretende fazer avançar até 2009, destacam-se a construção do aeroporto regional, da periférica à Covilhã, da nova barragem nas Penhas da Saúde, a recuperação da zona histórica, o aproveitamento turístico e ambiental das Minas da Panasqueira, as vias de acesso entre freguesias, entre outras.

Liliana Correia

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