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A resposta que tarda em chegar

Filho de Joaquim Pina Gomes, o presidente da Câmara que conseguiu localizar na Guarda a fábrica da Renault, continua à espera que o “Largo da Estação” volte a ter o nome do seu pai

Foi a 11 de outubro do ano passado que o filho de Joaquim Pina Gomes, antigo presidente da Câmara da Guarda que há 50 anos conseguiu trazer a fábrica da Renault para a cidade, escreveu a Álvaro Amaro para que considerasse a possibilidade do atual Largo 1º de Dezembro, popularmente conhecido por Largo da Estação, voltasse a ter o nome do seu pai. No entanto, passados cerca de nove meses, Jaime Pina Gomes continua sem resposta oficial.

Hoje advogado, o então jovem entende que esta seria «uma justa homenagem a um homem que tanto fez pelo desenvolvimento da região», recordando que o seu pai teve um papel «muito relevante» na vinda da fábrica da marca francesa para a Guarda-Gare. «Nessa altura ele andava numa roda vida da Guarda para Lisboa para mover influências, no bom sentido, para que a fábrica viesse para a cidade», recorda, sendo que «havia outras localidades interessadas». Jaime Pina Gomes lembra-se de ouvir contar várias vezes, em sua casa, a história do «”rapto” no comboio» que o seu pai fez ao engenheiro Basílio Caeiro da Mata, presidente das Indústrias Lusitanas Renault e que foi decisivo para a vinda da fábrica para a Guarda e não para Espanha. E adianta que o largo teve o nome do seu pai porque se gerou um «movimento para tal» e quando isso sucedeu «o meu pai até ficou surpreendido».

No entanto, «os ventos mudaram e depois do 25 de abril, não sei porquê, a Câmara decidiu incompreensivelmente retirar o nome do meu pai e meter Largo da Estação». Jaime Pina Gomes considera que o seu pai «marcou essa época», isto porque a Guarda «era uma zona intrinsecamente rural e a Renault fomentou muito a vida na cidade e em toda a região», salientando que trabalharam na fábrica «largas centenas de pessoas». Por isso, o advogado pretende que o nome do pai continue ligado ao local porque «a sua memória deve ficar perpetuada» e «seria um justo reconhecimento», além de um «ato de justiça e de gratidão para com alguém que, no seu tempo, muito fez pelo concelho, quer enquanto presidente da Câmara, quer noutras qualidades».

Joaquim Pina Gomes, engenheiro civil de profissão, foi vereador da Câmara da Guarda entre 1941 e 1944, tendo sido presidente do município entre janeiro de 1958 e janeiro de 1966, acumulando esse cargo com o de presidente da Federação de Municípios da Beira Serra. Enquanto autarca, empenhou-se no desenvolvimento do concelho numa altura em que as dificuldades orçamentais tolhiam a gestão municipal e não havia fundos comunitários. Levou a cabo obras importantes como a reformulação e modernização da rede de abastecimento de água à cidade, a modernização e ampliação do Hotel de Turismo, a ampliação do tribunal e do cemitério, a finalização da rede elétrica do concelho, para além de ter tido um contributo decisivo para a instalação de unidades industriais como a Renault. Natural de Belmonte, Joaquim Pina Gomes destacou-se também na sua terra natal, tendo sido vereador na autarquia e fundador e presidente dos Bombeiros Voluntários.

Joaquim Pina Gomes foi presidente da Câmara da Guarda entre 1958 e 1966

Comentários dos nossos leitores
Manuel Mariano manuel_mariano357@hotmail.com
Comentário:
É, para já, o mínimo que a CMG pode fazer para tão ilustre personalidade. É de pessoas como esta que nós precisamos, ou seja, não de palavras mas de atos.
 

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