Começando pelo fim: estou convicto que Álvaro Amaro será candidato à Câmara de Coimbra em 2017, ainda que toda narrativa vá em sentido contrário.
O atual presidente da Câmara da Guarda nasceu numa aldeia do concelho de Gouveia e cedo foi estudar para Coimbra. Em 1985 foi nomeado chefe de gabinete do ministro dos Assuntos Parlamentares, depois foi secretário de Estado e a política passou a ser a sua vida – há mais de 30 anos. Foi eleito deputado por Coimbra em 1987 e em 1991 e só em 1995 seria eleito pelo distrito da Guarda. Regressaria a Gouveia em 2001 para ganhar a Câmara, um bastião socialista destroçado pela crise dos têxteis e o fecho das fábricas de lanifícios. Nos 12 anos seguintes Álvaro Amaro não conseguiu inverter a tendência e Gouveia foi mesmo, percentualmente, um dos concelhos que perdeu mais população a nível nacional entre os censos de 2001 e 2011. Mas só a lei de limitação de mandatos o impediu de continuar à frente dos destinos do concelho. A mesma lei que, supunha-se, o impediria de ser candidato em qualquer outro concelho. Mas não. No jogo partidário todos tinham interesses em desvirtuar uma legislação que pretendia acabar com a perpetuação de políticos profissionais no poder. Amaro partiu para a Guarda, onde encontrou um PS carregado de vícios e dividido. Depois de anos de regabofe e inépcia, arrasou o que restava do baluarte socialista e passou a ser um ganhador num partido carregado de austeridade.
Passados três anos, o tabu deixa as bases nervosas. Álvaro Amaro vive em Coimbra, foi dirigente da Briosa e regressar à política onde começou é o seu desígnio natural. Manuel Machado não brilha, o PSD conimbricense tem falta de liderança e de nomes fortes para atacar as eleições e o presidente da Câmara da Guarda, aos 64 anos está no limite para se meter numa nova aventura eleitoral. Amaro sabe que é agora ou nunca e faz-se desejar (como fez na Guarda). Fará sondagens e estudos de opinião para decidir. Não tem pressa.
Nos jantares alaranjados regressa a especulação à volta da sucessão. Jacinto Dias e João Prata (que até teve mais votos que Amaro para a freguesia) voltam a ser os nomes preferidos entre os militantes, desconfiados de Carlos Chaves, que veem como um intruso socialista no PSD. Se partir, imporá o seu segundo, até para mostrar a sua razão, porque, como o seu mestre, «raramente me engano e nunca tenho dúvidas».
Entretanto, uma sondagem feita na Guarda (com três nomes possíveis pelo PSD e três pelo PS) evidenciará que Álvaro Amaro ganha em todos os cenários, João Prata pode ganhar e Carlos Chaves ainda é um ilustre desconhecido. E, pelo PS, Joaquim Carreira perderá em todos os cenários, António Saraiva e Virgílio Bento (que depois de esfrangalhar o PS quer mesmo regressar) têm poucas hipóteses de sucesso. Mas ainda falta um ano para as eleiçõe. E há quatro anos, por esta altura, o candidato do PSD era Manuel Rodrigues…
Luis Baptista-Martins
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